domingo, 5 de fevereiro de 2017

MISSA V DOMINGO COMUM

 
 
Estamos iniciando  de uma frase curta mais repleta de significados. Vós sois o sal da terra. Sal é o que dá sabor. Sal é o que conserva o alimento na sua validade. Sal é o que impede que os alimentos se estraguem.
 
Mas de que sal estamos falando. Esta semana ouvi um deputado dizer que ele e seus pares precisavam salgar a política. E buscou este trecho do Evangelho para fazer sua colocação. Claro que ele queria dizer que era preciso moralizar, dar vida à política, à política ética, essa, quase morta nas ações dos políticos. E de fato,  no Evangelho, ser sal é ter discurso e prática que dão sabor à vida dos homens e das mulheres. É encher de esperança homens, mulheres e crianças e fazer que essa esperança se concretize na vida deles, delas.  
 
Olhando o histórico atual, as cenas apresentadas na Câmara e no Senado brasileiros, onde se trama contra o outro, onde pessoas se vendem sem o menor escrúpulo, onde o direito julga de forma diferente "crimes iguais". Um filho de papai pode ´queimar até a morte um pobre na rua e continua solto, mas se um filho de pobre queima uma pessoa, nem precisa chegar a morrer, esse filho de pobre é preso e fica preso. Dois pesos e duas medidas. Onde os fins justificam os meios, os mais espúrios nós temos assistido. Onde se zomba do rosto de cidadãos, cidadãs, anulando direitos sociais historicamente adquiridos, porque o que vale é defender interesses desonestos e individuais, pois se congela investimentos sociais, mas se derrama milhões para as grandes empresas de telefonia. Não sei se essa forma de fazer política se caracteriza como sal, ou é uma forma de manter princípios perversos, apodrecidos na ruína da corrupção e cambando para o mal.
 
A exortação de Jesus para os discípulos, hoje, é dita diretamente para nós cristãos. Nós temos que ser sal, e como sal, não podemos perder o sabor. O sal perde o sabor quando é atingido por água, ou outro elemento. O cristão perde o sabor quando se deixa atingir pelo desânimo, pelo medo, pelo comodismo e por interesses contrários ao evangelho.
 
Um cristão sem sal é um cristão triste, descomprometido, amargo, indiferente, fechado. É um jovem triste, descomprometido, alienado, fechado, sem vida. 
 
Deixaram de dar sabor em casa, porque optaram pelas brigas e discussões, deixaram de dar sabor na Igreja, porque não tiveram forças para se desvencilhar dos espinhos da vida fácil, da vaidade, dos vícios e das paixões que lhes abafaram e alguns mataram. Deixaram de dar sabor na sociedade, porque acharam que os problemas sociais e políticos não lhes dizem respeito, não lhes pertencem, permitindo, portanto, que as raposas da velha e viciada política se aproveitassem de tudo ou quase tudo, deixando aos pobres os restos, as migalhas.
 
Vós sois a luz do mundo. Sem prepotência, sem arrogância. Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.
 
Não vejo forma maior e melhor de ser luz. Uma luz que não ofusca, que não agride, não violenta a vista de quem a contempla, ao contrário, enche de confiança e alegria, porque encontra nessa luz, sentido e palpável o Espírito Santo.
 
 
 
 
 

 


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