domingo, 12 de maio de 2013

VII DOMINGO PASCAL


Meus irmãos na festa da Ascensão do Senhor, achei oportuno insistir nas minhas velhas e repetidas pergunta: Por que estamos aqui? Por que vimos aqui? Parte desas respostas ouvi de meu anterior bispo, hoje emérito, Dom Valter Carrijo. Certamente estamos, aqui, vimos aqui para nos encontrar com Jesus, para abrir o nossos coração para Ele.

E por que nós vimos falar com Ele? Porque queremos modificar, queremos abandonar a velha forma do mundo em nós, queremos transformar a nossa vida, moldar a nossa vida à vida de Cristo.

E essa renovação, essa transformação, é que vão me levar à condição de pessoa salva. E quando é que estou salvo? Quando eu experimentar na minha vida o amor de Jesus, porque só este amor é capaz de me fazer uma pessoa livre, não das outras pessoas, nem da dor, nem dos sofrimentos, nem das ciladas, ou das injustiças, mas livre de mim mesmo e de tudo o que envolve a minha sensibilidade.

Ele perguntava: Você já notou que o maior inimigo de você não é o outro, mas você mesmo? Você está sempre rezando, pedindo, clamando para Deus te livrar daquele problema, daquele marido, daquele vizinho. Você nunca pede a Deus para que ele te livre do teu egoísmo, da tua vaidade, do ressentimento e da tua sensibilidade.

Meu irmão, no dia que você tiver livre de você mesmo, você vai fazer uma oração diferente. Você vai rezar assim: Meu Deus me dá a graça de aceitar essa pessoa, de aceitar esse marido grosso, esse filho teimoso, esse vizinho perturbador, esse padre fraco, chato, abusado.

Meus irmãos na  convivência muitos relacionamentos não dão certo, porque ninguém quer sofrer, ninguém quer ceder, ninguém quer chegar ao homem adulto, maduro. "Sementinha de melancia você quer ser o quê? quero ser melancia. Certo, pois a natureza segue o seu ritmo. Mas o pai pergunta ao seu filho: Filho você quer ser o quê? Quero ser médico, advogado, juiz, ganhar muito dinheiro. Errado. Você quer ser homem. E para ser homem você precisa sofrer, experimentar a cruz. Quem não experimenta a cruz não cresce, não amadurece.

Nós vamos ser homens maduros, pessoas maduras, quando descermos do prazer, do sentimento ao amor. Enquanto isso não acontecer, nós vamos reclamar de muitas coisas, do sol que está quente, da distância que é muito longa, da comida que não tá gostosa, da homilia que não termina, ou seja, seremos como aquelas crianças que ficam sempre reclamando de tudo, pessoas sensíveis e melindrosas.

Há! Meu Deus! Esse homem, essa mulher, esse vizinho. Deus errou em ter me dado essa mulher, esse vizinho, esse marido. Não, Deus não errou em ter lhe dado esse marido, esse vizinho, essa mulher. Você é que ainda não morreu em sua parte sensível e depende de sombras, de condição, para ser feliz. O prazer é por demais importante, mas temos que ultrapassá-lo e chegar ao amor.

Quando você chegar ao amor você vai suportar aquele marido, aquele vizinho, mesmos que eles sejam chatos e perturbadores, porque você tem o amor de Jesus, você agora é uma pessoa livre.

Na briga, seja ela de um casal ou de outras pessoas, o pensamento primeiro é separar, ninguém pensa que o melhor jeito é corrigir. Todos nós nascemos para vivermos juntos e sermos felizes. Esposos, esposas, profissionais, irmãos, irmãs vocês nasceram para viverem juntos e serem felizes.


domingo, 5 de maio de 2013

VI DOMINGO DA PÁSCOA


Meus irmãos nesta noite Jesus se nos apresenta fazendo a seguinte afirmação: Se alguém me ama guardará minha palavra e meu Pai o amará e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 


Mas o que significa amar Jesus? Será ficar longas horas em intimidade e adoração junto ao Santíssimo Sacramento? Será  fazer longas orações? Será ainda fazer gestos fraternos, solidários, tendo em vista a fome e as doenças que matam tantos irmãos?


Meus irmãos tudo isso é valioso, é importante, é necessário, haja vista tantas pessoas que necessitam de gestos como estes. Quantas crianças bem perto de nós, quantos jovens, pais de família amargam uma vida sem vida, e lhe faltam uma vida com vida, que é vida com pão, com casa, com saúde, com educação de qualidade. Agora tudo isso, perde todas as forças se não tiver junto o tempero do amor.

E o que é o amor? O amor é o azeite, o amor é o óleo do coco que foi quebrado, queimado, pisado para alimentar o seu dono. Se fazemos todos os atos de caridade, se conduzimos os mais fortes e belos momentos de oração, se entoamos os mais belos cantos, mas se não nos dobramos, não nos quebramos, não aceitamos a humilhação; e ao contrário nos escondemos, fugimos, nos afastamos, choramigamos, e o pior construímos mentiras para nos darmos bem, faltamos com o amor. Deixamos de guardar os mandamentos do amor como sugere Jesus nesta noite.

Mas Jesus também sugere a paz. Eu vos deixo a paz, a minha paz eu vos dou, e não a dou como o mundo dá. Diante das ameaças advindas de países do médio oriente, assistimos a repetidos encontros das Nações Unidas negociando um tempo de paz entre os povos. Essa iniciativa por melhor que seja, jamais será eficaz no objetivo que pretende. A paz não é uma mercadoria que se põe sobre a mesa e se negocia às custas de cifras altas e caras. A paz é uma graça, é um dom oferecidos gratuitamente por Jesus aos corações dos homens e das mulheres, dispostos a acolhê-los e a recebê-los.

Há uma compreensão equivocada acerca da paz, como ausência de conflitos. Conflitos que surgem dentro da nossa casa, dentro da própria comunidade, revelam a dificuldade que temos para compreender a paz à maneira de Jesus.

Numa outra homilia sobre este mesmo tema, eu disse: Quantas vezes diante de situações de medo, dor, sofrimento, angústia, nós esperamos, e até clamamos por um pouco de paz. E a paz aqui é a ausência, a eliminação, o fim de tudo que até então nos machuca, nos humilha e nos fere. Pois bem, a paz que Jesus trás não tem essa finalidade.   A paz que ele oferece não tem por finalidade lhe defender, lhe proteger das possíveis traições, das possíveis perseguições, das possíveis dores e sofrimentos que poderão lhe acontecer. Mas a paz que Jesus oferece é no sentido de lhe fazer uma pessoa nova, diferente, mudada. Dessa maneira, mesmo que ao seu redor as coisas, o cenário, o tempo continue fechado, escuro, você estará sereno, calmo, tranquilo, confiante, porque você mudou. Nem sempre as coisas vão mudar na hora, no tempo e do jeito que você quer. Assim, quem tem que mudar é você para suportá-las e amá-las do jeito e da forma que elas estão se dando e são.

Uma paz que não releva, uma paz que não tolera, uma paz que não supera não é paz que traz vida.