"Naquele tempo Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante". Mt. 9, 28 - 29.
Meus irmãos, assim continua nossa caminhada para a Páscoa. Todo caminho, toda jornada, requer determinação, requer coragem e disposição.
"Naquele tempo Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e subiu à montanha para rezar". Pronto irmãos, partamos daqui. Jesus subiu à montanha. Subir à montanha significa subir para onde está Deus, significa procurar buscar um momento a só, na intimidade com Deus, significa mergulhar, se lançar, se jogar, nos braços, no colo, no coração de Deus.
Enquanto rezava seus rosto mudou de aparência. Meus irmãos não é possível que continuemos os mesmos após um encontro com o Pai. Quando o encontramos muda o nosso rosto, muda o nosso semblante, muda o nosso pensamento, deve mudar as nossas ações, porque mudou o nosso espírito, porque mudou o nosso coração.
Meus irmãos encontramos tantos rostos tristes, angustiados, sofridos, transfigurados pela fome, pelas doenças, pelo desemprego, pela falta de condições dignas para viver. Esses rostos precisam mudar, esses rostos precisam passar de um rosto triste e desfigurado a um semblante alegre, feliz e realizado.
Talvez esse semblante triste seja causado por fatores que nascem de fora para dentro e de dentro para fora, dependendo da situação que essa pessoa esteja vivendo no seu mundo exterior e no seu mundo interior. Talvez esteja faltando harmonia em casa, é possível que as contas desse mês não puderam ser cobertas e quitadas, ou fatores relacionados à sua saúde, ou de alguém de sua família.
Certa vez lendo o editorial da Revista Ir ao Povo, o autor lembrava Padre Leo, quando o mesmo tratava a respeito da fé. Ele dizia que a nossa fé tinha que ser de fogão à lenha. A comida desse fogão esquenta devagar, mas depois, dura quente o dia todo, pois o fogão está sempre abastecido de lenha. Nossa fé não pode ser como forno microondas, que esquenta rápido, mas rápido esfria. Ou seja, nossa fé não pode ser aquela fé eufórica, sentimental, momentânea, espetacular, mas quando bate os desafios, as provações, os sofrimentos, esfria, desanima.
Nossa fé deve acontecer de tal forma, que sem livrar-nos dos obstáculos, pois este não é papel dela, nos temperar, nos preparar, para que diante dos possíveis desafios ela continue sólida, firme, e agora até esses desafios se tornam lenha que a aquecem, que a amadurecem, que a purificam.
Meus irmãos nesta festa da Transfiguração do Senhor, não esqueçamos de pôr lenha no nosso fogão, de pôr lenha no nosso coração, de forma que o nosso rosto, de rosto desfigurado pelo medo, pela depressão, torne-se brilhante e transfigurado.
Transfigurado de amor, transfigurado de perdão, transfigurado de paz, transfigurado de justiça em favor dos irmãos que não os encontramos nos montes tabores calmos e tranquilos de nossas vidas, das nossas igreja, dos nossos grupos e das nossas capelas, mas os encontramos nas Galileias e nas Nazarés de nossas vidas, contando com nossa solidariedade e com nossa sensibilidade.