domingo, 29 de janeiro de 2017

MISSA IV DOMINGO COMUM

 
"Bem - aventurado os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem aventurado sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim". Mt. 5,3.11
 
Caríssimos irmãos Padre Zezinho lembra que as canções, e acrescento que muitas das pregações abandonaram o social. Assim, achei por bem separar para uma reflexão, a primeira e a última bem aventurança do evangelho deste domingo.
 
Bem - aventurados os pobres em espírito. Sobre esta proclamação me permitam dizer que o momento não era dos mais fáceis vividos pelo povo no que tange à questão social. A pobreza de muitos, a dureza imposta pela lei, as imposições políticas e até mesmo religiosas, não tornavam leve a vida do povo.
 
Como hoje não é igualmente leve a vida do povo. Na política sofrem as consequências do cinismo e da corrupção, da justiça amargam a desfaçatez dos dois pesos e duas medidas, as vezes também na Igreja, infelizmente. Nas repartições sociais são jogados de um lado para outro como pedaços de papel. Nas ruas são violentados pelo preconceito social, xingados e as vezes mortos pelos que "têm mais".
 
Olhemos o jeito de Jesus, e não fujamos no medo de "perder fiéis", da nossa responsabilidade de dizer o que é preciso, que a ordem, o sistema atual é tão perverso e tão tirano como o do tempo de  Jesus. E nos calarmos diante dessa realidade significa trairmos  o Mestre e nos afastarmos do seu evangelho.
 
Estamos vivendo neste instante um período de intolerância jamais visto. Intolerância política, religiosa, cultural e social. Se mata porque é pobre, porque é negro, porque se define e vive pratica sexual diferente do "padrão" social, ou porque abraçou o partido A ou o partido B.
 
Jesus defendeu os pobres, mas não trouxe junto a violência. Verdade que ele disse ai de vós escribas e fariseus. disse ainda não pensem que vim trazer a paz, mas a espada. No entanto, essas afirmações não se caracterizavam por ódio, violência, preconceito, como assistimos na sociedade atual. Aliás, o que assistimos hoje nas praças e ruas do país, não é só antirrevolucionário e social, mas também anti-humano e contra a vida. Sem falar do fedor de hipocrisia.
 
Bem aventurado sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós. Essa bem-aventurança é chocante. É duro se acostumar com ela. Mas a verdade é que ela não destoa de tudo o que escrevemos acima tratando da primeira bem-aventurança. Ambas exigem do cristão reações como as de Jesus. Ninguém é cristão, ninguém é religioso, ninguém reza e vai a missa todo dia pra não ser caluniado, injuriado, maltratado e até perseguido. Ao contrário, uma das marcas do cristão é exatamente a dor e o sofrimento injustos muitas vezes. E para aqueles que buscam uma igreja, uma religião fáceis e sem esses contingentes, estão longe de Jesus Cristo e do Evangelho pregado por ele, e não entenderam nada Dele.
 
 



terça-feira, 17 de janeiro de 2017

MISSA III DOMINGO COMUM
 

"O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz"
 
Há três pontos de reflexão no capítulo e versículos propostos neste domingo, via o Evangelho de Mateus, objeto da liturgia e da homilia de hoje.
 
Primeiro, encontramos Jesus na casa de Pedro, lugar onde passou muitos anos. Em 2010 peregrinando em Israel estive em cafarnaum, e numa casa, que segundo a tradição é a casa de Pedro.
 
Segundo,  trata-se do chamado dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galiléia, indicando que esse chamado se estende a cada um de nós no contexto social que vivemos.
 
E no terceiro ponto, Jesus que ensina, prega, e cura as enfermidades das pessoas mostrando que um novo tempo chegou.
 
O povo que vivia nas trevas viu  uma grande luz. Trevas aqui equivale todo o desprezo, toda a opressão, toda a privação de liberdade e dignidade que este povo experimentou por muitos anos pelos judeus de Jerusalém e por aqueles os quais representavam. Mas conforme ouvimos do profeta, sobre as montanhas da Galiléia uma luz apareceu, e aquele povo que durante tantos anos viveu sob a sombra da morte da opressão, das trevas da discriminação e do jugo da escravização de forças perversas e desumanas, agora vê-se clareado pelo Sol da justiça, da liberdade e da paz.
 
Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens. Por muitos anos pescaram peixes e esses lhes serviam sua necessidade material. Pescaram peixes e esses sentiram a força dos seus braços, a traição dos seus anzóis e das suas redes. Mas agora eles são pescadores de outros mares, de mares humanos, onde os peixes são pessoas, são homens, mulheres, jovens e crianças, que ao invés de derrota-los e de matá-los, preferem morrer, para salvar e defender, libertando-os de todas as ciladas, de todas as tentativas de trevas que nestes tempos tentam cercá-los e envolvê-los.
 
No que tange as enfermidades, são muitas nos dias de hoje: drogas, bebidas, violência, fome, em fim. Enfermidades essas, que têm não só ferido, adoecido, mas vitimado tantos, jovens, tantos homens e mulheres. Jesus não só ensina, não só prega, mas também cura, liberta, arranca a pessoa da condição indigna que o pecado espiritual ou social a levou. Por isso, nesses dias ele foi reconhecido como alguém que trouxe um ensinamento novo, e novo, exatamente porque tira a pessoa, arranca a pessoa da condição que se encontrava e devolve-lhe a a vida, a dignidade e a paz.