domingo, 12 de fevereiro de 2017

MISSA VI DOMINGO COMUM

 
"Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus".
 
A justiça é um tema ainda incompreendido por muitos de nós. Muitas vezes o restringimos a um direito que foi concedido a quem o merecia, ou a renúncia a um ato que sabemos seria ruim para com a outra pessoa.
As duas motivações são verdadeiras, no entanto, a justiça hoje assinalada por Jesus, vai além disto. Os fariseus se achavam justos porque cumpriam o mandamento de não matar, de não serem homicidas, no entanto Jesus alarga o sentido do não matar, que é o mesmo que não usar palavras ofensivas, preconceituosas, alimentar sentimentos de ódio, vingança. Não basta não matar, mas é preciso também não eliminar o outro da sua vida. Quantas pessoas carregam por anos, ressentimento, rancor de outra pessoa, ou seja, seu coração é um cemitério, que deve ter sepultado não somente aquela, mas talvez muitas outras pessoas que lhe feriram, lhe machucaram no passado, um passado que não conseguiu superar. E o pior, assumem com orgulho essa "vida" de defuntos, porque na verdade na cena, não está morto só aquele que eu tirei da minha vida, que eu jurei não dirigir mais a palavra, mas eu também sou um defunto, um cadáver espiritual. Morto duas vezes, uma, porque escolhi matar a outra pessoa, e outra, é minha  arrogância e meu orgulho que me matam de novo. Uma pena.
Ouvistes o que foi dito: 'Não cometerás adultério'. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.
Não digo olhar, mas não vejo que alguém deparando-se com uma mulher, e ali sentir um desejo de possuí-la, cometa adultério. O sentimento é imediato e espontâneo, a pessoa não manda nele, e é tão rápido como ligar uma lâmpada. Dessa maneira, por mais que nos esforcemos, não dá para acusar alguém de adúltero, porque sentiu algo por uma mulher que não seja a  sua. Agora, sim, esse homem, mesmo sem ser cristão, sem ser religioso, mesmo sem ser católico, evangélico, ou de outra denominação, mas por ser homem, alguém equilibrado, ajustado, harmonizado na sua vontade, na sua razão e no seu prazer, sentirá, seu coração palpitará, seu fôlego encurtará, mas pisa no freio desse sentimento, puxa a rédea desse desejo e deixa a pessoa seguir seu caminho em paz, e ele volta pra casa mais homem ainda.
Mas eu queria chamar atenção de outros adultérios. Dos adultérios políticos a que somos obrigados todo dia presenciar nos acordos sórdidos feitos nas câmaras federais às câmaras municipais. Com uma diferença, os adultérios políticos com finalidade econômica, chegam a ser atos de bandidos, sanguessugas, ladrões, erva daninha, cupins, dos recursos de saúde, educação, transporte de qualidade, para a vida do povo.
Mas ainda tratando sobre o adultério, recordo aqueles casais que tiveram que se separar, porque não foi mais possível conviver, contradizendo a indissolubilidade do matrimônio.
Meus irmãos todos vocês que lerem esta homilia sabem de casos nas suas comunidades de homens e mulheres que viveram essa experiência e agora convivem com outra pessoa. Isto não nos dá o direito de condenar, de afastar, de isolar, de dificultar a vida dessas pessoas na comunidade. Quem não tiver pecado atire a primeira pedra: Disse Jesus. Com certeza, chegaram a este ponto depois de dias e noites difíceis e muitas vezes traumáticas. Nesse caso, não aumentemos sua dor e seu sofrimento. Ao contrário, acolhamos com a mesma ternura de Jesus. "Mulher onde estão os que te acusavam. Ninguém te condenou? Eu também não te condeno". Não é hora de sermos juízes delas, mas, irmãos, irmãs, do jeito de Jesus. O contrário disso, é pura hipocrisia.
 
 

 
 
 


 
 
 
 

 
 


domingo, 5 de fevereiro de 2017

MISSA V DOMINGO COMUM

 
 
Estamos iniciando  de uma frase curta mais repleta de significados. Vós sois o sal da terra. Sal é o que dá sabor. Sal é o que conserva o alimento na sua validade. Sal é o que impede que os alimentos se estraguem.
 
Mas de que sal estamos falando. Esta semana ouvi um deputado dizer que ele e seus pares precisavam salgar a política. E buscou este trecho do Evangelho para fazer sua colocação. Claro que ele queria dizer que era preciso moralizar, dar vida à política, à política ética, essa, quase morta nas ações dos políticos. E de fato,  no Evangelho, ser sal é ter discurso e prática que dão sabor à vida dos homens e das mulheres. É encher de esperança homens, mulheres e crianças e fazer que essa esperança se concretize na vida deles, delas.  
 
Olhando o histórico atual, as cenas apresentadas na Câmara e no Senado brasileiros, onde se trama contra o outro, onde pessoas se vendem sem o menor escrúpulo, onde o direito julga de forma diferente "crimes iguais". Um filho de papai pode ´queimar até a morte um pobre na rua e continua solto, mas se um filho de pobre queima uma pessoa, nem precisa chegar a morrer, esse filho de pobre é preso e fica preso. Dois pesos e duas medidas. Onde os fins justificam os meios, os mais espúrios nós temos assistido. Onde se zomba do rosto de cidadãos, cidadãs, anulando direitos sociais historicamente adquiridos, porque o que vale é defender interesses desonestos e individuais, pois se congela investimentos sociais, mas se derrama milhões para as grandes empresas de telefonia. Não sei se essa forma de fazer política se caracteriza como sal, ou é uma forma de manter princípios perversos, apodrecidos na ruína da corrupção e cambando para o mal.
 
A exortação de Jesus para os discípulos, hoje, é dita diretamente para nós cristãos. Nós temos que ser sal, e como sal, não podemos perder o sabor. O sal perde o sabor quando é atingido por água, ou outro elemento. O cristão perde o sabor quando se deixa atingir pelo desânimo, pelo medo, pelo comodismo e por interesses contrários ao evangelho.
 
Um cristão sem sal é um cristão triste, descomprometido, amargo, indiferente, fechado. É um jovem triste, descomprometido, alienado, fechado, sem vida. 
 
Deixaram de dar sabor em casa, porque optaram pelas brigas e discussões, deixaram de dar sabor na Igreja, porque não tiveram forças para se desvencilhar dos espinhos da vida fácil, da vaidade, dos vícios e das paixões que lhes abafaram e alguns mataram. Deixaram de dar sabor na sociedade, porque acharam que os problemas sociais e políticos não lhes dizem respeito, não lhes pertencem, permitindo, portanto, que as raposas da velha e viciada política se aproveitassem de tudo ou quase tudo, deixando aos pobres os restos, as migalhas.
 
Vós sois a luz do mundo. Sem prepotência, sem arrogância. Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.
 
Não vejo forma maior e melhor de ser luz. Uma luz que não ofusca, que não agride, não violenta a vista de quem a contempla, ao contrário, enche de confiança e alegria, porque encontra nessa luz, sentido e palpável o Espírito Santo.
 
 
 
 
 

 


domingo, 29 de janeiro de 2017

MISSA IV DOMINGO COMUM

 
"Bem - aventurado os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem aventurado sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim". Mt. 5,3.11
 
Caríssimos irmãos Padre Zezinho lembra que as canções, e acrescento que muitas das pregações abandonaram o social. Assim, achei por bem separar para uma reflexão, a primeira e a última bem aventurança do evangelho deste domingo.
 
Bem - aventurados os pobres em espírito. Sobre esta proclamação me permitam dizer que o momento não era dos mais fáceis vividos pelo povo no que tange à questão social. A pobreza de muitos, a dureza imposta pela lei, as imposições políticas e até mesmo religiosas, não tornavam leve a vida do povo.
 
Como hoje não é igualmente leve a vida do povo. Na política sofrem as consequências do cinismo e da corrupção, da justiça amargam a desfaçatez dos dois pesos e duas medidas, as vezes também na Igreja, infelizmente. Nas repartições sociais são jogados de um lado para outro como pedaços de papel. Nas ruas são violentados pelo preconceito social, xingados e as vezes mortos pelos que "têm mais".
 
Olhemos o jeito de Jesus, e não fujamos no medo de "perder fiéis", da nossa responsabilidade de dizer o que é preciso, que a ordem, o sistema atual é tão perverso e tão tirano como o do tempo de  Jesus. E nos calarmos diante dessa realidade significa trairmos  o Mestre e nos afastarmos do seu evangelho.
 
Estamos vivendo neste instante um período de intolerância jamais visto. Intolerância política, religiosa, cultural e social. Se mata porque é pobre, porque é negro, porque se define e vive pratica sexual diferente do "padrão" social, ou porque abraçou o partido A ou o partido B.
 
Jesus defendeu os pobres, mas não trouxe junto a violência. Verdade que ele disse ai de vós escribas e fariseus. disse ainda não pensem que vim trazer a paz, mas a espada. No entanto, essas afirmações não se caracterizavam por ódio, violência, preconceito, como assistimos na sociedade atual. Aliás, o que assistimos hoje nas praças e ruas do país, não é só antirrevolucionário e social, mas também anti-humano e contra a vida. Sem falar do fedor de hipocrisia.
 
Bem aventurado sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós. Essa bem-aventurança é chocante. É duro se acostumar com ela. Mas a verdade é que ela não destoa de tudo o que escrevemos acima tratando da primeira bem-aventurança. Ambas exigem do cristão reações como as de Jesus. Ninguém é cristão, ninguém é religioso, ninguém reza e vai a missa todo dia pra não ser caluniado, injuriado, maltratado e até perseguido. Ao contrário, uma das marcas do cristão é exatamente a dor e o sofrimento injustos muitas vezes. E para aqueles que buscam uma igreja, uma religião fáceis e sem esses contingentes, estão longe de Jesus Cristo e do Evangelho pregado por ele, e não entenderam nada Dele.
 
 



terça-feira, 17 de janeiro de 2017

MISSA III DOMINGO COMUM
 

"O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz"
 
Há três pontos de reflexão no capítulo e versículos propostos neste domingo, via o Evangelho de Mateus, objeto da liturgia e da homilia de hoje.
 
Primeiro, encontramos Jesus na casa de Pedro, lugar onde passou muitos anos. Em 2010 peregrinando em Israel estive em cafarnaum, e numa casa, que segundo a tradição é a casa de Pedro.
 
Segundo,  trata-se do chamado dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galiléia, indicando que esse chamado se estende a cada um de nós no contexto social que vivemos.
 
E no terceiro ponto, Jesus que ensina, prega, e cura as enfermidades das pessoas mostrando que um novo tempo chegou.
 
O povo que vivia nas trevas viu  uma grande luz. Trevas aqui equivale todo o desprezo, toda a opressão, toda a privação de liberdade e dignidade que este povo experimentou por muitos anos pelos judeus de Jerusalém e por aqueles os quais representavam. Mas conforme ouvimos do profeta, sobre as montanhas da Galiléia uma luz apareceu, e aquele povo que durante tantos anos viveu sob a sombra da morte da opressão, das trevas da discriminação e do jugo da escravização de forças perversas e desumanas, agora vê-se clareado pelo Sol da justiça, da liberdade e da paz.
 
Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens. Por muitos anos pescaram peixes e esses lhes serviam sua necessidade material. Pescaram peixes e esses sentiram a força dos seus braços, a traição dos seus anzóis e das suas redes. Mas agora eles são pescadores de outros mares, de mares humanos, onde os peixes são pessoas, são homens, mulheres, jovens e crianças, que ao invés de derrota-los e de matá-los, preferem morrer, para salvar e defender, libertando-os de todas as ciladas, de todas as tentativas de trevas que nestes tempos tentam cercá-los e envolvê-los.
 
No que tange as enfermidades, são muitas nos dias de hoje: drogas, bebidas, violência, fome, em fim. Enfermidades essas, que têm não só ferido, adoecido, mas vitimado tantos, jovens, tantos homens e mulheres. Jesus não só ensina, não só prega, mas também cura, liberta, arranca a pessoa da condição indigna que o pecado espiritual ou social a levou. Por isso, nesses dias ele foi reconhecido como alguém que trouxe um ensinamento novo, e novo, exatamente porque tira a pessoa, arranca a pessoa da condição que se encontrava e devolve-lhe a a vida, a dignidade e a paz.
 
 
 
 
 
 
 

 


sábado, 21 de maio de 2016

FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE

¨"Muitas coisas tenho ainda a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora" Jo. 16,12
 
Caríssimos irmãos com esse versículo iniciamos uma breve reflexão acerca da festa de hoje, a Festa da Santíssima Trindade.
 
Muitas coisas a dizer, e a incapacidade de poder suportar. Com esta afirmação Jesus está dizendo que muitas coisas ainda vão acontecer na vida dos discípulos e na nossa também, e em muitas delas como eles, nós não saberemos que direção tomar.
 
No que se refere aos discípulos, o maior e mais duro acontecimento que está preste a acontecer é o  fracasso de Jesus, sua morte, "jogando por terra" todo um sonho de libertação à base da lógica que pairava na cabeça daqueles fracos homens.
 
Essa é uma das coisas que Jesus até já havia dito, mas eles não compreenderam, ou não quiseram compreender, porque exatamente contradizia toda a ideia de libertação e de Messias que eles carregavam. De fato essa é uma verdade muito pesada e muito dura de falar ali, para quem já estava com o coração perturbado como o deles, seria aprofundar uma tristeza e uma dor que já se mostravam visíveis nas reações deles.
 
"Ele me glorificará". No mundo atual se entende uma glorificação quando alguém ganha, supera  o outro, vence, derrota seu adversário. No caso de Jesus sua glória é sua entrega na cruz. Sua glória é a vitória do pecador sobre o pecado. Sua glória é quando os pobres são elevados da sua miséria e da sua pobreza. Sua glória, é quando a exploração, a ganância e a corrupção que corroem os homens por dentro, são vencidas.
 
 





domingo, 15 de maio de 2016

DOMINGO DE PENTECOSTES

Na tarde daquele dia estando fechada as portas...

Caríssimos irmãos, irmãs, em fim chegamos a mais uma festa de Pentecostes. No que tange ao relato bíblico, o ambiente não é dos melhores. Portas fechadas, noite, discípulos com medo, certamente assustados e sem entender tudo o que havia ocorrido com seu Senhor e Mestre.
 
Caríssimos, não deve ser mais uma festa de Pentecostes, deve ser a festa de Pentecostes, a festa da alegria, a festa da paz, a festa do amor. Que alegria? Que paz? Que amor?
 
O mundo aparenta muito alegre. Aparenta, porque muitas de suas alegrias, na realidade são tristezas, decepções, medos, fugas e angustias. Muitas vezes nós também demonstramos alegria, no entanto, escondemos tristezas e medos profundos.
 
O mundo fala de paz, nós falamos de paz, nós cantamos a paz. Mas estamos tão nervosos, reagimos a tudo, exigimos tudo, reivindicamos tudo, reclamamos de tudo, nos vingamos de quase tudo. Nós ainda não temos a paz que precisamos, embora Jesus já nos tenha dado. A paz que reivindica, que reclama, que reage, não é a paz trazida hoje em Pentecostes.
 
O amor é pra nós quase um hino, repetido por nós muitas vezes durante a Eucaristia, só pra citar este momento. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo; O amor de Cristo nos uniu; Prova de amor maior não há.
 
Mas que amor é este? O das palavras? Da poesia? Da oração?
Se nosso amor não sair do abstrato e chegar ao concreto da nossa existência não é amor, se nosso amor não sair da nossa oração e ser apalpado nas nossas ações não é amor. Se nosso amor não sair do nosso culto e se materializar nos gestos devido ao irmão, também não é amor verdadeiro.
 
Vivemos um catolicismo ainda marcado por grandes desafios a serem superados. Um catolicismo cheio de  vícios, escamas, dengos, relaxado, pra não dizer frouxo. Não entendemos o que se dá durante a Eucaristia. Não por falta de capacidade intelectual, mas por falta de amor, amor também chamado de espírito, Espírito Santo. Nós somos tristes, medrosos, nossas portas estão fechadas, nossas noites ainda persistem em não amanhecer.
 
Mas em fim, o Pentecostes chegou, e para não se traduzir somente numa liturgia passageira e ritual, aproveitemos para continuarmos com as marcas deste dia. Sejamos uma comunidade viva, alegre, renovada e transformada.
 
Deixemos que o Espírito Santo arranque todos os nossos medos, dissipe todas as nossas noites, recrie nosso catolicismo, purifique nosso cristianismo, e assim nos vermos de novo, homens e mulheres incendiados, encorajados e compromissados com um mundo de justiça, com a vida plena para todos até as últimas consequências como fez Jesus.
 
Se não for assim, seremos defuntos que rezam, defuntos que cantam, defuntos que comungam, mas simplesmente defuntos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 




domingo, 8 de junho de 2014

DOMINGO DE PENTECOSTES



Caríssimos irmãos, hoje a Igreja celebra o Domingo de Pentecostes. Uma festa cheia de imagens e simbolismo, que lida ao pé da letra, pode nos fazer incorrer em erros e equívocos.

A Igreja utilizando  aspectos metodológicos separou Morte, Ressurreição, Pentecostes e Ascensão. Mas segundo os biblistas, tudo ocorreu simultaneamente. Ou seja, Jesus enviou seu espírito, não 50 dias depois, mas logo ali na tarde do primeiro dia. 50 dias após refere-se à explosão, à expansão da igreja, quando os apóstolos saem pregando o Evangelho pelo mundo, conforme refere-se o mandado de Jesus.

“Pentecostes era uma festa judaica muito antiga, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Celebrava a chegada do povo de Israel no Monte Sinai. Monte este onde Moisés recebeu de Deus as Tábuas da Lei”. Fernando Armellini.

Hoje, Pentecostes não é mais a festa da Lei, ou pelo menos de um conjunto de normas como se constituía a lei de Israel. Mas Pentecostes agora é a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, revelando, que a lei antiga baseada em regras e normas deu lugar ao amor e à misericórdia.

            Mas agora, hoje, o que significa essa nova lei, esse novo Pentecostes? O Pentecostes nos dias de hoje, que mais se afina com o Pentecostes do Pai, que mais se alinha ao Espírito Santo, é um uma mente e um coração convertidos. 

            Um coração convertido, não é outra coisa, se não, um coração novo, curado, transformado. Cura essa, transformação essa, expressa, sentida nos gestos de solidariedade, de justiça e de paz. Portanto, um coração humano, fraterno, solidário, compassivo e sensível à dor do irmão.

            Aliás, não tem sentido celebrar Pentecostes, mas conservar dentro de si pensamentos, mágoas e ressentimentos, e assim reproduzir velhas práticas, velhos costumes de orgulho, vaidade, rancor, indiferença, egoísmo, individualismo, distanciando-se do verdadeiro sentido do que é Pentecostes.
            Se Pentecostes é fogo que pousa por sobre as pessoas, e as transforma, e as fecunda, e as renova. Não tem sentido celebrar pentecostes, mas não renovar a forma de pensar, de agir em relação ao irmão, à irmã.

            Celebrar Pentecostes, mas seguir como antes, fechado, sisudo, azedo e amargo, significa que não deixamos esse fogo nos penetrar, nos queimar, nos moldar, e nos transformar em instrumentos úteis à ceara do Senhor.

            Muitas vezes celebramos esta festa e ficamos muito no emocional e no exterior, entendendo o Espírito Santo como algo que nos faz chorar, sem contudo penetrar no chão da realidade dura em que vivemos, e tantas pessoas ao nosso redor.

            O mundo vive momentos difíceis, muita pobreza, preconceito, racismo, discriminação de toda forma, idosos sendo chutados, doentes abandonados. Ou seja, vivemos num ambiente desumano, em que o Espírito Santo parece cada vez mais distante.

            Oxalá, o Pentecostes que celebramos hoje, não seja uma festa de hinos e cânticos espirituais, mas distantes e sem tocar a vida difícil que toca tantos irmãos e irmãs. Mas uma festa que queime todo e qualquer tipo de opressão e injustiça que fere tantos homens e mulheres, que ainda não tiveram a oportunidade de festejar um Pentecoste de dignidade e vida plena.