segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

MISSA VÉSPERA DE ANO NOVO

"A comemoração dessa festa teve início na Mesopotâmia por volta do ano 2.000 antes Cristo, e era conhecida como festival de "Ano Novo". Na Babilônia a festa começava na primavera, por ocasião do equinócio, ou seja, no momento em que o sol corta a linha do Equador, fazendo com que os dias sejam iguais às noites. Os romanos foram os primeiros a estabelecerem um dia para esta festa ( 753 antes de Cristo). O ano começava em 1º de março, mas foi trocado em 153 antes de Cristo  e mantido no calendário Juliano, adotado em 46 antes de Cristo. Em 1.582 a Igreja consolidou a comemoração, quando adotou o calendário gregoriano". 

Caríssimos irmãos em fim chegamos ao entardecer de 2012 e logo amanheceremos e acordaremos com os raios do sol de 2013. 

O que esperamos desse tempo que logo começa, o que almejamos nesse tempo que logo se inicia? Ou melhor, o que as pessoas podem esperar de mim, neste novo ano que logo amanhecerá?

Não vão ser poucos, os abraços, apertos de mão,  os votos desejados de feliz ano novo, de saúde e de paz ao longo dessa noite. Não vão ser poucos os fogos, as bebidas e as comidas esbanjados ao longo desta noite.

Tudo bem, mas será isso suficiente para se viver bem,  viver feliz, o ano que chega com todas os desafios e problemas que ele herdará do ano que findou? 

Meus irmãos não tenhamos dúvidas, assim que cruzarmos o limiar do novo ano, assim que despertarmos no dia do novo ano, assim que o os raios do sol de 2013 vararem as venezianas das nossas janelas e das nossas portas, muitos desafios não superados no ano anterior estarão rentes, prontos para conosco iniciarem uma nova jornada.

Pois bem, o grande desafio nosso, o grande lance nosso, a grande cartada nossa, é adentrar nesse ano, andar em meio aos seus desafios, cruzar com as suas dificuldades, mas sem perder de vista as boas atitudes, entre elas a de amar e perdoar. Aliás, nós só conseguiremos suportar os desafios desse novo ano, deixados pelo ano que se foi, sem melindres e reclamações, se nos munirmos desse perdão e desse amor.

Como é difícil exercitar o amor e o perdão. Difícil, porque amar, significa assumir riscos, inclusive o risco de não ser recompensado com o mesmo amor. Muitas pessoas deixaram de amar, porque amaram esperando receber algo em troca, e essa troca não veio, continuam esperando, e podem esperar a vida inteira, porque essa troca pode nunca vir. 

Se você quiser amar, ame, mas não espere nada, não exija nada, não reivindique nada, só ame. Quem ama esperando receber algo em troca, pode não ter entendido o exercício de amar.

Como é difícil perdoar, porque perdoar é dizer à outra pessoa que o que ela fez não existe mais. Ou seja, você deixa de ser vítima da pessoa que lhe ofendeu, arrancando, tirando um peso, um fardo das suas costas e das costas dela também.

Veja, o pedão serve para os dois, para o que foi ofendido, porque ele agora se vê livre da mágoa e do ressentimento, mágoa e ressentimento que ferem e matam não só o coração, mas também a alma. E para o agressor, que não vê em você mais um adversário, mas um irmão.

Nunca foi fácil perdoar, porque perdoar significa romper comigo e com meus sentimentos. Nunca foi fácil perdoar, porque perdoar significa evitar, cortar as lembranças, aquelas que aumentam as nossas mágoas, nossas dores e os nossos sofrimentos.

Diz um provérbio que a pessoa que perdoa uma ofensa, mas insiste nas lembranças passadas estraga a amizade. E eu digo que a pessoa que perdoa, mas insiste na lembrança do que aconteceu, não entendeu nada do perdão. E, aí, estraga não só a amizade, mas estraga também o coração, estraga o espirito, estraga a alma e estraga a própria vida. 

Celebremos um ano de fato novo, novo não só pela sua cronologia ou pela sua história, mas novo principalmente, por causa das mudanças que você agora se propõe arriscar na sua vida e no seu coração.

O ano jamais será novo, se você insistir nas coisas velhas da mente e do coração. O ano jamais será novo, se você tiver medo de amar e perdoar. O ano jamais será novo, se você não  se revestir por dentro. Revestir, é vestir de novo. De novo, porque precisamos está sempre renovando o guarda roupa do nosso coração. De novo, porque, não das roupas e, ou dos trages novos comprados e, ou alugados, caros para as festas desta noite, mas do Espírito Santo que nos veste com a sua pureza, com sua santidade e com o seu amor.

 

 






 



  





 
 



 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

HOMILIA DE NATAL

 
"O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, para os que habitavam na sombra da morte, uma luz resplandeceu". Is. 9,1.

“O texto que nos é apresentado faz parte dos oráculos atribuídos ao Profeta Isaias, não se tem certeza que seja de Isaías, ou um texto posterior à sua época, enxertado pelos editores finais da obra na mensagem de Isaías. Se for de Isaías pode ser da fase final do profeta, lá pelo século VII antes de Cristo. Por essa altura o Rei Ezequias, ignorando os avisos de Isaías, continua jogando politicamente contra os assírios, enviando embaixadas à Fenícia, à Babilônia e ao Egito, a fim de consolidar uma frente contra a Síria. O profeta, desiludido com essas iniciativas, começa a sonhar com um tempo novo e de paz onde reinam o direito e a justiça. Seja como for, o texto dá fôlego às esperanças messiânicas e alimenta as esperanças de um Israel melhor, com um futuro de paz e felicidades”. Um texto tirado da pagina dos Padres Dehonianos.


Caríssimos irmãos, depois de quatro semanas de expectativas e de espera, chegamos à grande noite, muitos sentimentos marcaram essa caminhada ate aqui, porque não foi uma caminhada apenas de quatro semanas, é a caminhada de anos de espera, anos marcados por opressão, fome, escravidão, injustiça, exílio após exílio, desilusão, perda da terra e perda da própria vida. Tudo isso junto e pelo tempo que se estendeu, com a intensidade e a dimensão com que se deu, trouxe incerteza, desesperança, impotência, sentimento de abandono por parte de Deus, trouxe dor, sofrimento.

Até que numa noite, tudo se irrompeu. Todos aqueles anos de angústia, que pareciam uma noite sem fim, chegaram ao seu cabo, pois uma luz brilhou nas trevas, e para os que caminhavam na sombra da morte uma luz resplandeceu. E mesmo que o lamento de Isaías ainda tenha força em alguns cantos desse planeta, porque nem tudo se renovou, estamos vivendo um momento novo, um tempo de certeza, de alegria e de paz.

É isto, é isto que queremos expressar neste natal. Nós sabemos que do ponto de vista dos problemas sociais, políticos, econômicos, a questão da fome, da violência e do desemprego muita coisa melhorou, mas muita coisa ainda precisa mudar, mas já se fala tanto nestas coisas, nestes fardos ao longo de todo o ano. Agora se podemos dá outro tom, outro brilho e outra cor às palavras proferidas nesta noite, por que não fazemos?

O dia é lindo demais, é maravilhoso demais, é magnífico demais para ficarmos recordando as desgraças, os fracassos e as derrotas do passado, ou seja, trocando as luzes e as estrelas que brilham nesta noite, pelas nuvens escuras que acompanham e continuarão a acompanhar o nosso existir.

Não, o que nós queremos hoje é mergulhar na alegria deste natal, nos envolver com as luzes que como em cascatas caem daí, nós queremos ver o menino Jesus sorrindo na nossa direção, dando a entender que no presépio, a frieza daquela madrugada não tinha força, nem espaço para penetrar o seu coração, porque ele já era cheio de luz, de paz e  de muito amor.

Nesse sentido, como diz a canção, natal é tempo de rever, rever a nossa vida, rever os nossos atos, rever as nossas decisões, rever as nossas intenções, rever os nossos corações. 

Rever essa vidinha que estamos levando, às vezes sem responsabilidade, sem compromisso e sem verdade. Rever os nossos atos às vezes imaturos, inconsequentes prejudiciais à nossa vida e à nossa santidade, rever esse coração machucado e ferido, angustiado e ressentido, que prefere se queixar, lamuriar e chorar, ao invés de se levantar e pôr-se a caminho, à maneira dos magos, mesmo que para isso tenha que sofrer por alguns momentos trevas e escuridões uma vez que nem sempre a estrela está presente para clarear.

E então, está disposto a abrir os braços neste natal, está disposto a dar passos neste natal, está disposto a curar o seu coração neste natal? Ou vai preferir continuar vivendo as mesmas e velhas práticas, os mesmos e velhos hábitos, as mesmas e velhas atitudes?

Se levante, sacuda a poeira, caminhe, é possível que o caminho seja longo, mas não importa, importa é o que você está buscando, você está buscando curar o seu coração, e só quem pode fazê-lo é quem já tem o coração curado, e o Menino que nasceu, o tem, a prova disso é que não reclamou com as fezes, nem com os capins, nem com a dureza da estrebaria.

Mas você ainda reclama, você ainda fala mal, você ainda se queixa, você ainda está insatisfeito, você critica tudo, reclama de tudo, ou seja, o menino ainda não nasceu pra você, seu coração ainda não foi curado por ele, seu coração ainda não foi iluminado por ele, seu coração ainda não foi salvo por ele.

Mas hoje você tem a chance de mudar tudo isso nesse natal, tome posse desse natal na sua vida, deixe Jesus nascer no seu coração, deixe Jesus curar o seu coração, deixe Jesus iluminar o seu coração, ferido, machucado e ressentido.

Diga agora, Pai Santo toma o meu coração, magoado, triste e angustiado e cura-o Senhor, restaura-o Senhor e o desperta para a paz, para o perdão e para o amor. É verdade que às vezes falta-me coragem, falta-me disposição para me levantar, tenho medo de romper comigo mesmo, tenho medo sair das minhas trevas, tenho medo de abandonar os meus pecados. Então, Pai, dá-me a coragem, a mesma que deste ao filho pródigo, a mesma que deste à pecadora, a mesma que deste a Zaqueu. A coragem de me levantar, de sair de mim mesmo de poder arregaçar as mangas e partir para Belém, me ajoelhar junto à manjedoura e beber da santidade que daí irradia e converter essa experiência em atos de justiça e fraternidade, em atos de perdão e amor junto aos tantos Jesus Meninos, aos tantos Jesus Jovens, aos tantos Jesus homens Mulheres, que talvez como eu, continuam percorrendo este caminho de salvação. Mas nós não queremos só percorrer, nós não queremos só nos aproximar, nós queremos chegar, como chegaram os magos, como chegaram os pastores, como chegaram todos aqueles que hoje celebram um Natal eterno e feliz junto do Pai.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

HOMILIA DO IV DOMINGO DO ADVENTO


"Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia" Lc. 1,39a

Tudo começou após a anunciação do anjo a Maria, quando disse alegra-te cheia de graça, o Senhor é contigo. E disse depois: Tua parenta concebeu na velhice um filho e este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque pra Deus nada é impossível.

E Maria partiu, dirigindo-se apressadamente. O que faz uma pessoa sair apressada ao encontro de outra? O que faz uma pessoa romper noites e dias, enfrentar obstáculos e distâncias, riscos e perigos para ir ao encontro de alguém?

Não era curta a distância que separava Maria e Isabel. Uma, morava em Nazaré da Galiléia, e a outra, morava em Ain -  Karim, na Judéia, lá nas montanhas, há quase 160 km.  Os caminhos eram longos e difíceis, e abrigavam assaltantes, Jesus conta que um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Maria não deve ter ido só, mas deve ter aproveitado as caravanas que geralmente se dirigiam para Jerusalém.

Mas ela foi às pressas. E o que a motivava tanto, e o que a impulsionava tanto? O Mensageiro Celeste, depois de dizer que ela era cheia de graça, disse também que o Espírito Santo viria sobre ela. Ou seja, ela agora não era só a cheia de graça, era também a cheia do Espírito Santo, a encharcada do Espírito Santo, a impregnada do Espírito Santo. E com certeza aqui está a razão de tanto entusiasmo, dificilmente alguém faria o que Maria fez, tomaria decisão tão firme, se não tivesse tocada, e impulsionada pelo Espírito Santo.

Cada passo que Maria dava subindo e descendo os montes era uma confirmação e uma certeza da sua entrega total e sem reservas à vontade do Criador. Uma entrega não inerte, nem passiva, mas dinâmica e ativa, onde Maria se deixava conduzir e embalar pela palavra do anjo, e onde o anjo respondia e esclarecia as dúvidas de Maria.

Ela não peregrinou só para as montanhas, para a casa de sua prima Isabel, ela não caminhou só para a sinagoga para se reunir conforme o costume judaico, ela também caminhou na fé, ela experimentou momentos de obscuridade e silêncio. E da mesma forma como subia e descia os montes e as colinas na direção das montanhas até Judá, ela também subiu e desceu  montes de obstáculos que seu sim lhe trouxe, obstáculos muito maiores, porque eram obstáculos humanos.

Ela deu à luz numa estrebaria entre garranchos e capins, aos oito dias ouviu da boca de Simeão que por causa daquele menino, uma espada transpassaria o seu coração, dias depois teve que fugir às pressas para o Egito para defendê-lo da fúria de Herodes, tempos depois viveu dias de aflição ao perdê-lo no templo, e aos 33 anos, assistiu no Calvário sua morte, a morte da vítima que ela havia gerado em seu seio,  e bem ali, via se cumprir o que um dia lhe falara o velho Simeão. Mas em nenhum momento desistiu, pelas montanhas chegou à casa de Isabel e pela fé que em nenhum momento vacilou, chegou ao coração do Pai.

Como Maria precisamos arriscar, precisamos não ter medo de errar, precisamos correr riscos. Uma Igreja que não se atreve e que não ousa, pode parecer inócua, inócua porque não incide e não provoca um mundo que precisa ser interpretado. Pode parecer medíocre, porque fica onde está e se contenta como está. Numa penumbra, numa sombra, num retraimento e num medo, que lhe parece parar.

Maria correu riscos, e o primeiro, foi quando disse sim, sem ao menos medir as consequências que poderiam nascer daí. Arriscar é caminhar para o incerto, arriscar é caminhar para o perigo,  mas, mais perigoso é não arriscar.

Tem hora que a Igreja é prudente demais, ou tem medo demais e acaba aumentando o cordão dos que temem a humilhação e a derrota, porque teme se arriscar. Por temer, não se expõe, não se expondo, não  arrisca dentro dela mesma, uma mudança, que seria um triunfo e uma vitória.




































quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

HOMILIA III DOMINGO DO ADVENTO

"Por isso, João declarou a todos: Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou  digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo". Lc. 3, 16

Caríssimos irmãos neste domingo nos atentemos a três assinalações importantes deste versículo: 01 - Eu vos batizo com água, 02 - Aquele que vem é mais forte do que eu, 03 - Ele batizará no Espírito Santo e no fogo.

Na Bíblia encontramos vários episódios em que está presente o símbolismo da água. No poço de Jacó Jesus pediu água a uma mulher que veio da Samaria, levando-a a descobrir Nele uma fonte de água viva, deixando para trás o tempo dos poços e das piscinas, incapazes de matar a sede de salvação eterna.

No dilúvio a água afogava parte da humanidade, e com ela as suas maldades e pecados, para dalí surgir um novo homem, uma nova criação. Nesse sentido, deixar-se batizar com água é iniciar esse processo de purificação ainda simbólico, até experimentarmos uma purificação plena e definitiva.

 Não sei se João Batista tinha a noção do que estava dizendo e das consequências do que dizia. Quem era mais forte ali, senão Herodes, Pilatos, os Sumos Sacerdotes, os Doutores da Lei e os Fariseus? Anunciar que estava se aproximando alguém mais forte, num ambiente como aquele, hostil e oposto a tudo o que se revelava uma possível ameaça aos seus interesses, era anunciar que a guerra estava declarada. Jamais o poder e a religião constituídos no Templo, aceitariam uma proposta vinda de um suspeito, de um lugar suspeito e com sérias ameças a este poder e a esta religião.

Se o batismo na água é uma etapa da conversão, o batismo no Espírito Santo o que é? "Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres, e todos fomos impregnados do mesmo Espírito" 1º Cor. 12,13.

O que é uma coisa impregnada? Impregnado é algo ensopado, encharcado, alagado, embebido. Nesse sentido ser batizado com o Espírito Santo é ser encharcado, embebido, alagado pelo Espírito Santo, conforme cantamos na canção, "quero mergulhar no teu amor enchacar-me em teus rios Senhor...".

E nesse tempo em que tem sido presente a imagem do deserto, deserto, lugar de provação, serpente, escorpiões, fome, sede, aridez, motivos de tanto desânimo, tristeza e abandono de tantos irmãos que sairam de nossas fileiras, é mais do que oportuno o batismo no Espírito Santo, para encharcar, inundar, impregnar, embeber esses desertos, animar esses desertos, renovar esses desertos, não os geográficos, porque esses não perderão o seu aspecto natural, mas os desertos construídos dentro de cada um, e às vezes muitos mais secos, mais ásperos  e mais duros que os comumente conhecidos.

E se por ventura só encharcar, embeber e molhar não resolver, então, demos o passo seguinte, deixemo-nos queimar. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Que fogo é esse? É o que queima, é o que destrói e o que derrete. É o que nos faz sentir paixão, não essa paixão afetiva, sensual e momentânea do mundo moderno, mas aquela que aqueceu os corações dos discípulos na estrada de Emaus e os fez abraçar a cruz sem mais desanimar. Foi a mesma que ardeu no coração de Jesus como fogo e o fez abraçar a cruz num abrasamento e num incendiamento eternos e sem fim.

"Apareceram-lhes então uma espécie de língua de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles" Atos 2,3. E porque ele se repartiu? Se repartiu, porque não é propriedade de um só, de um grupo só, de um movimento só, de uma igreja só, ele é de todos, ele quer tocar a todos, ele quer queimar a todos, ele quer purificar a todos.

Deus quer nos purificar, Deus quer nos santificar, Deus quer nos modelar, como faz o ferreiro na feitura da lâmina e do facão. Assim como o fogo é usado para arrancar as sujeiras do ferro e do cobre, Deus usa o Espírito Santo para arrancar as nossas sujeiras e os nossos pecados e nos fazer vasos novos, onde poderão ser plantados sua graça e seu amor.







quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

HOMILIA II DOMINGO DO ADVENTO

 "Esta é a voz daquele que grita no deserto: 'preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas, as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados'". Lc. 3,4b-5.

Meus irmãos estamos rápidos, já estamos no Segundo Domingo do Advento. E o que essa data significa para nós? Qual a influência desse tempo no cotidiano de nossas vidas? O que fala para nós e para o nosso coração esse tempo de graça e salvação, que é o Advento?

Meus irmãos nós até podemos pensar em desertos geográficos, e ali havia o da Samaria, o da Judéia, podemos pensar no Rio Jordão, e outros lugares por onde João Batista andou e pregou, mas certamente, não alcançaremos onde o grito de João quer chegar.

Certamente, mais que a lugares geográficos, mais que a desertos terrenos, o grito de João pretende chegar aos corações, pretende chegar às mentes, pretende chegar ao modo de vida das pessoas e cutucá-las, e intimá-las, a uma mudança desse modo de vida.

Nesse instante acompanhamos montes de injustiça por todo o mundo, mares de corrupção que banham parte dos homens, abismos entre ricos e pobres, vales profundos entre irmãos que não cedem ao amor e ao perdão, vidas tortuosas, porque marcadas pelo egoísmo e pelo pecado.

Tudo isso junto alerta-nos para a luta por um mundo melhor, aguça os ouvidos da Igreja e chama a sua atenção para tomar uma posição cada vez mais profética e dispensdora de testemunho evangélico, e assim o seu grito de mudança lá fora seja um grito forte e coerente. Forte, porque capaz de chegar aos corações mais distantes , e coerente, porque respaldado numa vivência e numa prática brotadas do seu interior.  Dessa maneira, as possíveis páginas em branco, os espaços vazios no que diz respeito à conversão e à santidade, ainda existentes dentro e fora da Igreja possam ser preenchidos por todos.

Neste sentido o que estamos dizendo é que precisamos sair do Advento litúrgico e celebrativo, do Advento histórico e cronológico, na verdade, precisamos sair do Tempo do Advento para entrarmos no Advento do tempo, no Advento do tempo da justiça, no Advento do tempo do direito, no Advento do tempo da luta por dignidade e vida para todos, no Advento do tempo do amor, do perdão e da paz entre nós.

Um Advento feito de orações, cantos, louvores e emoções,  que não leva à transformação da vida, através de atos concretos de solidariedade em favor do irmão,  torna-se um ato morto, estéril e sem sentido.

A pregação de João Batista, bem como o seu batismo exortavam para uma conversão, mas conversão não apenas espiritual, mas uma conversão também das estruturas de poder, que mantinham o povo à distância, e privado de viver as condições básicas de justiça, liberdade, direito e vida, uma vez que tudo era ditado do Império Romano, e se dava como o Imperio queria, para depois voltar em forma de lucro e garantia.

Nesse sentido o grito do profeta para que o caminho do Senhor seja endireitado, é um apelo para que a ordem sócio, política e econômica seja humanizada, o sistema religioso de dominação seja endireitado,  as mentes e os corações se convertam e sejam purificados, para que assim o Reino de Deus anunciado por João e concretizado por Jesus seja em fim instalado, não nas areias movediças do deserto da Judéia, nem nas mentes e nos corações, secos e  indispostos à germinação da semente do perdão e do amor, mas nos corações férteis, nos corações capazes de produzir frutos de justiça, de perdão e de amor.



















domingo, 2 de dezembro de 2012

HOMILIA I DOMINGO DO ADVENTO

"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, na terra as nações ficarão angustiadas com o pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas" Lc. 21,25-26.

Meus irmãos permitam-me voltar à minha velha pergunta: Por que você está aqui? Você está aqui, porque você quer ser achado, buscado, encontrado e carregado por Jesus, ou seja, você está aqui porque você quer ser salvo.

E como ser salvo a partir do que é proposto no Evangelho de hoje? Que sinais são esses, que angústia é essa, que medo é esse que envolvem todos os homens e mulheres, capaz de chegarem a desmaiar?

Alguns dias atrás, nós refletimos algo semelhante. Fálavamos do escurecimento do sol, da lua que perdiria o seu resplendor, dos astros que cairiam, ou seja, mais uma vez nos deparávamos com o gênero literário apocalípitico, nos falando de forma simbólica acerca do fim dos tempos, numa referência clara aos acontecimentos de agora ou de acontecimentos que já se deram.

As comunidades que viviam momentos difíceis de sua vida, dada a perseguição por parte dos imperadores romanos precisavam ser animadas, encorajadas. Portanto, a linguagem simbólica e sutil oferecida, vai nessa direção, tem esse objetivo, animar, encorajar, e, quando essas comunidades forem mais unidas, quando forem testemunhas fiéis, quando confiarem em Deus e nelas também, no seu companheirismo e na força que elas têm; não as estrelas, nem o sol, nem a lua, mas sim, os falsos e tiranos poderes, o mundo velho marcado pelo egoísmo e pelo pecado, o ódio e o rancor que ainda marcam tantos corações, esses sim cairão, esses sim serão destruídos, para um novo tempo surgir, um mundo de justiça, de amor  e  paz, um mundo de direito e dignidade para todos.

Nesse sentido Lucas não está falando do fim do mundo como às vezes entendemos, mas sim de acontecimentos, de tribulações, de tempestades geográficas, físicas, familiares, espirituais, econômicas que acontecem quase todo dia com a gente.

E o que fazer diante disso? Desesperar? desanimar? Desistir? abandonar? Fugir? Não. Ele diz que é pra levantar a cabeça e ficar de pé. É verdade que há muitas situações que parece lhe jogar no chão, o mundo parece que desabou mesmo sobre você, as atitudes erradas, o sentimento de culpa, o sentimento de nossas misérias, aquela acusação que nos fazem, enfim. Com certeza as nossas escolhas mal feitas, nos farão humilhados, arrastados e feridos no chão. Tudo acabado? Lembrem do que ele disse: "quando todas essas coisas acontecerem", ou seja, quando você for humilhado, arrastado, arrasado. Quando tudo parecer perdido, quando tudo parecer não ter mais sentido, você que é uma pessoa de fé, você que é um cristão perseverante, levante a cabeça e fique de pé.

Deus não te quer  rastejando, Deus não te quer  humilhado, Deus  te  quer feliz, Deus  te quer alegre, Deus  te quer sorrindo.







terça-feira, 13 de novembro de 2012

HOMILIA XXXIII DOMINGO COMUM

 "Naqueles dias, depois dessa tribulação, o sol se escurecerá, a lua não dará o seu resplendor, cairão astros do céu e as forças que estão no céu serão abaladas." Mc. 13,24-25.

Meus irmãos não é tarefa fácil falar acerca do fim dos tempos, do fim do mundo. Mas a liturgia de hoje nos apresenta esse desafio. Se eu fosse um protestante fanático eu aproveitaria o ensejo dessa linguagem apocalíptica e iniciaria essa homilia, vomitando um monte de asneiras acerca da volta do Senhor, marcando datas, anunciando  catástrofes e causando um grande sofrimento às pessoas.

Sobre o que está marcado acima, nos diz Fernando Armelinni: "Antigamente os astros do céu eram considerados divindades, que tinham influência sobre a vida dos homens, podendo até trazer benefícios, por isso era preciso lhes oferecer sacrifícios. Visando refutar esse tipo de  religião, ou seja, buscando enfraquecer o culto dos que adoravam o sol, a lua e as estrelas, os profetas tinham afirmado que um dia estes corpos celestes teriam perdido a sua luz e teriam caído. Não queriam dizer que as forças cósmicas seriam abaladas, e que o firmamento seria abalado sobre nossas cabeças, mas que o mundo pagão, representado por estes astros, teria sido destruído".

 Meus irmãos em todas as épocas, tempos e lugares se deram situações difíceis, tempestuosas, tenebrosas, angustiantes, dolorosas, como também, momentos de felicidade, de calma, tranquilidade e muita paz.

O que ocorre é que muitas vezes a aproximação e o dado dos acontecimentos turbulentos deixam as pessoas em profunda aflição. E como se não bastasse, ainda chegam alguns metidos a "profetas", que citando frases da Bíblia, relacionam tais acontecimentos a um possível e iminente fim do mundo, aprofundando o medo e o sofrimento das pessoas.

Quanto a esta questão, Jesus adverte para não darmos ouvidos a esta gente. E sobre os acontecimentos, os sofrimentos, os cataclismos, as tempestades, não devem ser lidos como um fator negativo, uma desgraça, uma derrota total. Mas como a possibilidade de uma nova vida que está surgindo.

Neste momento não são poucos os cataclismos, as tempestades, vivenciados na Igreja, na família, na política, na comunidade e na sociedade como um todo. Cataclismos e tempestades que não deixam de abalar, entristecer e dasanimar muitas mentes e corações, porém, não é o fim.

Quantas pessoas não decretaram o seu fim, o fim de está naquela Igreja, o fim de está naquela comunidade, o fim de está naquele grupo, o fim de está com aquele pai, com aquela mãe, exatamente, porque não suportaram, não aguentaram as tempestades e os abalos causados por alguma situação ali experimentada e ali vivida.

Meus irmãos, como seria a vida se as estações fossem só outono e primavera? Será que essas duas estações possibilitariam sentir por inteiro o sabor da vida? Não será, depois de grandes invernos, de fortes chuvas, que o chão é sulcado e molhado, e faz a semente ganhar força, crescer e fruticar melhor na próxima estação?

Lembre, neste instante você é esta semente, possivelmente sacudida, jogada, incompreendida e injustiçada de todos os lados.  A sua percepção é que o mundo desabou sobre você. E a melhor maneira é desistir de tudo.

Não desista: Dificuldades são para serem superadas. E ninguém as supera desistindo, desanimando e fugindo. Se supera, enfrentando, se supera acreditando, se supera aceitando a humilhação e o enterramento, para logo depois brotar como uma grande árvore, capaz de descansar muitos corações, inclusive aqueles que lhes lançaram no chão, pois sem saber lhes fizeram um grande bem, pois lhes fizeram uma grande árvore.









quinta-feira, 8 de novembro de 2012

HOMILIA XXXII DOMINGO COMUM

"Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas, e de sentar-se nas primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes" Mc. 12, 38-39.

Meus irmãos comecemos por conhecer melhor esse grupo de que, tanto,  fala a Bíblia, os escribas. Quem são eles?

"Eram especialista no conhecimento dos preceitos do Senhor e das suas prescrições para o povo de Israel, eram os que interpretavam com autoridade a lei de Deus e julgavam nos tribunais os que não a cumpriam" Fernando Armellini.

Há alguns domingos atrás, refletimos neste espaço sobre um pedido feito a Jesus por dois irmãos. Tiago e João exigiam sentar-se ao lado de Jesus no Templo, como faziam aqueles que tinham o privilégio deste posto.

Jesus os reprovou, bem como o seu projeto, viu que eles não tinham compreendido nada acerca do que o Mestre havia feito e ensinado nos ítens doação e humildade.

Hoje, Jesus é muito direto, fala dos escribas, sabe da sua incoerência, conhece a sua vaidade e a sua hipocrisia, vê como eles tratam os estrangeiros, as viúvas e os órfãos, e como tentam esconder tudo isso debaixo de uma roupagem e de um verniz de santidade.

Mas o que leva Jesus ser tão crítico para com essa categoria? Por que vez por outra o encontramos em confronto com os escribas e fariseus, e, usando um tom tão forte e tão incisivo como o de hoje?

Jesus não suportava a arrogância, a vaidade e a prepotência dos fariseus e mestres da lei. A maneira como eles se separavam do povo, se distinguiam do povo, precisamente para conseguir que todos soubessem que eram de outra classe, de outra condição e de outro nível social e intelectual.

Suas vestes longas, suas faixas largas, lhes facilitavam transitar em todos os lugares, ter a cordialidade e o respeito das pessoas, e às vezes até inclinações lhes eram feitas.

"Quando não eram alvo de todos esses privilégios, quando não lhes era reservado o primeiro lugar nos banquetes, perdiam completamente o apetite". Fernando Armellini.

A propósito do que se acaba de assinalar, eu fico a imaginar a minha Igreja, fico a observar alguns líders religiosos, entre eles, bispos, padres, também leigos. Não sei se por maldade, ingonrância ou fraqueza, têm reproduzido este modelo de religiosidade.

A Igreja, a Paróquia, a Diocese, o cargo ocupado na comunidade os empoderou de tal forma, e eles passaram a ver o povo não mais como irmãos, não mais como amigos, mas como subordinados, serviçais, dominados.

Esqueceram as palavras de Jesus que disse: "Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai". Jo. 15,15.

Quando Jesus usa a expressão amigo, não está fazendo um discurso teórico e abstrato, mas fala de uma lei, a lei do amor, que vai até às últimas consequências, à doação total da vida. É esse amor que ele continua a ensinar-nos ainda hoje, para que nós, bispos, padres e coordenadores, não olhemos o povo como rebotalho e cumpridores das nossas ordens, mas como irmãos, amigos, capazes de morrermos por eles, à maneira do que fez Jesus.

 É urgente uma Igreja que se prostre, é urgente uma Igreja que se ajoelhe, é urgente uma Igreja que se curve, fazendo-se servidora dos pobres, como o fez Jesus na Última Ceia, quando se prostrou para lavar os pés dos discípulos,  ensinando,  que há muito mais alegria em conceder e brindar, do que em reter e controlar.









domingo, 4 de novembro de 2012

HOMILIA XXXI DOMINGO COMUM - FESTA DE TODOS OS SANTOS

 "Depois disso vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservava-se em pé diante do trono e diante  do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão". Apoc. 7,9.

Meus irmãos hoje a Igreja celebra a festa de Todos os Santos. Momento oportuno para nos perguntarmos: O que significa mesmo ser santo? Como ser santo em meio a um mundo tão frágil, tão falso e tão limitado, e de pessoas tão frágeis e tão limitadas? 

Olhem a História do Ferreiro, ela não é criação minha, mas ajuda-nos a entender o caminho, ou os caminhos que levam à santidade.

"Na cidade onde eu nasci, havia um ferreiro. Todo mundo o conhecia por seu egoísmo e exageros nas festas e bebedeiras. Até que um dia resolveu mudar de vida. Começou a trabalhar duro e a ajudar as pessoas. Mostrava-se caridoso e prestativo. O estranho é que, mesmo com toda a bondade que demonstrava, sua vida não ia bem. Os problemas aumentavam, as dívidas cresciam e assim por diante. Certo dia, um de seus amigos foi visitá-lo. Durante a conversa, ele comentou.

Que coisa estranha a sua vida. Justamente depois de você ter se tornado um homem bom, as coisas pioraram. Apesar de tudo o que você tem feito, parece que voce está indo para trás.

O ferreiro permaneceu em silêncio. Na verdade já havia pensado nisso diversas vezes, sem entender a razão. Depois de alguns instantes disse ao amigo.

Aqui na minha oficina eu recebo o ferro bruto e o transformo em facões. Você sabe como isso é possível? Primeiro eu preciso aquecer o ferro num fogo muito alto, até que fique bem vermelho. Depois é preciso bater com muita força até que fique no formato que eu quero. Aí eu pego o ferro e o mergulho na água fria. O vapor e os estalos tomam conta de toda a ferraria. Repito este processo várias vezes, até conseguir  o fio perfeito para a lâmina. Uma vez só não é suficiente.


Mas um tempo de silêncio e o ferreiro continuou:


Às vezes o ferro que eu tenho não resiste a esse processo. O calor, a água fria e as marteladas, acabam deixando muita rachadura na lâmina. Este ferro jamais se tornará um grande facão. Deixo-o de lado. Talvez o use apenas para coisas de pouca utilidade.


O amigo estava mergulhado em seus pensamentos a fim de descobrir aonde o ferreiro queria chegar. Ele, então, completou:

Sei que o tempo está me colocando no fogo das aflições. Estou aceitando as marteladas que a vida me dá, e a frieza da água me deixa em choque. A única coisa que eu quero é resistir até conseguir a forma perfeita. Até ser um homem virtuoso. Não quero ficar de lado abandonado por Deus, sem ter utilidade." Wikio.


Esta história ilustra bem a luta, a batalha que precisamos travar para subirmos ao podium da santidade. E as lutas mais árduas e mais difíceis serão aquelas que precisamos travar conosco mesmos.

E uma dessas lutas, é tornar brancas as nossas vestes, não aquelas materiais, compradas nos shoppings e nas lojas, que facilmente se lava, mas não muda nada, não transforma nada, mas sim, as vestes do espírito, as vestes do coração, as vestes da mente, que uma vez lavadas, purificadas, nos tornam homens e mulheres santos, santas.

Tenho certeza que se perguntarmos para as pesoas sobre seu desejo de santidade, todas o têm, como também não teriam dificuldade em reconhecer os desafios contidos neste ideal.

Nós somos um ferro, como ilustramos acima, um ferro às vezes duro de dobrar, duro de aceitar chegar à forma ideal. Temos dificuldade de abrir mão dos nossos interesses, vícios, paixões, verdades, vaidades, razões. Aceitamos ser aquecidos e talvez até queimados, mas não com um fogo muito forte, queremos fogo brando que é pra não queimar tanto, que é pra não doer tanto, que é pra não mudar tanto.

Ou seja, eu sou daquele tipo de ferro fraco, medroso, covarde, que tenho medo de arriscar mudanças. Quando recebo uma pancada, uma materlada do irmão, na comunidade, desisto, abandono, me escondo, fico de lado, sou um ferro fraco, rachado. Não aceito o fogo forte, não aceito o calor alto, não chego à condição de fio próprio para a lâmina, não serei, portanto, um facão na horta do senhor.

Você está passando por momentos difíceis? As coisas também não estão dando certo para você? Não se desespere, não desista. Aceite este tempo de aflição, aguente as marteladas, aguente os insultos e as pancadas, é essa sua teimosia, é essa sua ousadia, que lhe fará chegar à forma perfeita, à mulher perfeita, ao homem pefeito, à mulher santa, ao homem santo.




















sábado, 20 de outubro de 2012

HOMILIA DO XXIX DOMINGO COMUM

 "Mestre queremos que nos conceda tudo o que te pedirmos. Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda". Mc 10 35b.37.

Caríssimos irmãos Jesus e os discípulos estão caminhando para Jerusalém. e, já por três vezes anunciara que lá o matarão. Esses anúncios, bem como os conflitos já experimentados alí, fazem os discípulos temerem fazer tal caminho.


Mas Jesus ignorando o medo e o pavor dos discípulos, segue,. Ele sabe que sua vida é uma extenção, é um desenvolvimento, é um desdobramento da vida dos profetas. O profeta termina a sua caminhada em Jerusalém. 
"Jerusalem, Jerusalém tu que matas os profetas e apedrejas os que a ti são enviados, quantas vezes eu quis te agasalhar, como a galinha agasalha os seus filhotes, mas tu não o quiseste! Eis que ficarás deserta a vossa casa. Digo-vos, não me vereis até o dia em que digais. Bendito o que vem em nome Senhor" Lc 34-35


Pois bem, frente a tudo isso, os discípulos além de medo qiue os envolve, revela uma incompreensão total acerca de tudo o que Jesus está falando. Essa incompreensão aparece no pedido que acabam de fazer. 


O pedido é na direção de um cargo importante na glória de Jerusalém. Ou seja, os discípulos ainda carregavam na mente o ideal de uma conquista terrena, política e temporal. Quando na verdade Jesus falava do Reino de Deus.


E responde: Vocês não sabem o que pedis. E fala do cálice e do batismo."O cálice indica o destino, favorável ou não, de uma pessoa. Jesus está ciente que o aguarda um cálice de sofrimento, um cálice do qual gostaria de ser poupado, Sabe porém que deve ser bebido, para poder entrar na sua glória. A imagem do batismo tem o mesmo sentido, indica a passagem pelas águas da morte". Fernado Armellini.

Jesus compreende a lentidão da sua compreensão, revela que eles beberão do mesmo cálice, inclusive quando Marcos escreve este evangelho, Tiago já tinha sido martirizado. Porém, no que diz respeito ao posto à direita ou à esquerda,  não é um lugar que se compra com dinheiro ou com poder, mas sentar ao lado do Pai, é uma graça, é um dom que ele oferece a todos, dá a todos de forma gratuita.

Lá atrás os outros dez reagiram, não gostaram, reclamaram. Como os dois, eles também estavam cheios de ambição e egoísmo. Não tinham entendido nada do que Jesus havia há tanto ensinado, aspiravam poder, privilégios, desejavam também os melhores lugares, os melhores postos, as melhores posições.

E Jesus os lembra que os chefes das nações mandam nos seus súditos, os rabinos exigem que lhes beijem  as mãos, saibam dos seus títulos. É esse modelo de autoridade que devemos abraçar, imitar e seguir?

Não. O caminho que Jesus faz é outro, ele se ajoelha, ele faz a vez dos escravos, ele lava os pés dos seus súditos, dos seus discípulos, que agora não são mais súditos, mas os coloca numa posição de igualdade, e porque não dizer de senhores.

Como seria bonito que o esposo ao invés de querer que a mulher sempre o sirva, ele a servisse primeiro. Como seria bom que a Igreja, na pessoa dos seus bispos e dos seus padres, olhasse para o povo não como seus donos e seus senhores, mas como irmãos, colocando-se a seu serviço, como o fez a Samaritna no poço de Jacó, capaz de dar a vida por eles, como fez o irmão maior e Pastor, Jesus Cristo.

É preciso compreender o sentido de autoridade, é preciso compreender o sentido de poder. O poder e a autoridade que têm o seu exercício para mandar, e para manter o outro sempre em condição inferior e por baixo, é um poder ultrapassado e demente.

O poder que entendeu que é preciso servir o outro, que é preciso ouvir o outro, respeitar o outro, morrer pelo outro, é um novo poder, é um novo entendimento de poder, é uma nova leitura de poder. Essa nova forma joga uma duxa de água fria na mentalidade dos discípulos e na nossa também, que muitas vezes pisamos, humilhamos e maltratamos as pessoas em torno de nós. E se alinha e se afina com o jeito de poder de Jesus que disse: Não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida em resgate de muitos.












terça-feira, 9 de outubro de 2012

HOMILIA XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

"Bom Mestre, que farei pra alcançar a vida eterna? Jesus fixou nele o olhar e disse: Vai, vende tudo que tens e da-o aos pobres. Ele entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens". Mc 10,17a.21b.22.
Caríssimos irmãos contemplemos a cena. Um judeu, jovem, que crer que a vida eterna é uma herança para aqueles que guardam com fidelidade os mandamentos de Deus, vem buscar essa certeza junto a Jesus.

Jesus por sua vez, lhes apresenta uma parte, a segunda, dos mandamentos da lei de Deus: "Não comenterás adultério,  não roubes, não diga falsos testemunhos, não cometas fraudes, honra pai e mãe". 

Hoje se levantam críticas às pessoas a respeito do seu não conhecimento e do seu não cumprimento acerca dos 10 mandamentos entregues por Deus a Moisés no Monte Sinai. Não vivê-los pode caracterizar um pecado,  e consequentemente ausência de santidade. E se a pessoa obervá-los, respeitá-los, religiosamente, mas fracassar em outros atos, deixa de ser santo? Passa a desmerecer a Salvação?

O jovem respondeu a Jesus: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude. Que coragem, que ousadia, que liberdade. Aquele homem era uma pessoa normal como qualquer outra, e com certeza caregava suas fragilidades, defeitos, misérias e mazelas, mas não se via como um condenado, um derrotado, por causa disso.

Fico observando na nossa Igreja, quantas pessoas aos domingos deixam de comungar,  umas porque há tempo não confessam, outras porque se chatearam nas canseiras do dia-a-dia, brigaram com os filhos, se impacientaram com o marido. E na hora da comunhão "um abençoado ou abençoada", toma o microfone e anuncia: Quem se encontrar preparado para a comunhão, tome a fila.

Os Mandamentos no Antigo e no Novo Testamento muitas vezes foram apresentados como um peso, um fardo difícil de carregar, onde o seu não cumprimento traria como consequência sofrimento e castigo. A sua dureza, fazia Deus parecer como um carrasco, um juiz e não como um Pai rico em amor e Misericórdia.

Será que não estamos fazendo o mesmo com a Eucaristia? Será que não estamos fazendo o mesmo com o Evangelho? Por que uma mulher não pode proclamar o Evangelho? Por que um leigo não pode proferir uma homilia?

E sobre quem está preparado para comungar? Ninguém está, nem o padre. Mas alí, tudo é graça, tudo é dom. É Deus que nos acolhe, que nos convida, que nos modela, que nos ajusta, portanto, convida a todos. Anuciar ali, na hora, essa preparação é intimidar, é constranger, é matar pessoas de bom coração, talvez com condições para a comunhão.

Com certeza Jesus jamais vai enxotar um irmão seu que chega à sua frente, cansado e fatigado à procura de uma paz e de um descanso. Agora, dependendo do que ainda falta naquela pessoa, ele vai pedir que a mesma dê um passo maior, alce um vôo mais alto. Um vôo que o faça romper com o pecado e não mais pousar sobre ele.

O vôo que ele pediu que aquele jovem desse, foi o de converter as suas riquezas, seus conhecimentos acerca da lei, e sua vivência religiosa em ato de fraternidade, misericórdia e amor. Ou seja, que ele amasse.

E ele foi embora triste e abatido, porque não quis, ou não teve forças para renunciar a tudo o que tinha. E nós também não temos. Semelhante àquele jovem, nós temos dificuldade de deixar, de renunciar, de amar, de romper com as nossas cavernas, com os nossos costumes, as nossas "seguranças" e as nossas "riquezas".

Basta olhar ao nosso redor e notar dezenas de pessoas angustiadas, amarguradas, tristes, abatidas, ressentidas e magoadas, porque não conseguiram vencer a si mesmas: seus pensamentos, seus vícios, ciúmes e paixões. Não conseguiram voar mais alto deixando lá embaixo o pecado.

Aquele jovem também não. Mas podia ter pedido um auxílio a Jesus, podia ter pedido o ombro de Jesus, podia ter feito como a mulher cananéia, que disse: Senhor socorre-me. Socorre-me no meu egoísmo, na minha vaidade, no meu orgulho, na minha avareza, no meu pecado. Jesus não teria negado.

Não foi à toa que Jesus fixou os olhos nele, o amou, o admirou, mas esperou que ele permitisse abrir o coração para que ele pudesse entrar. O coração era dele, a casa era dele, a vida era dele, a estrutura era dele. O amor era de Jesus, a paz era de Jesus, a salvação era de Jesus. Jesus quer fazer o milagre, mas o primeiro passo é nosso.












sábado, 29 de setembro de 2012

HOMILIA XXVI DOMINGO COMUM

"Moisés entristeceu-se. E disse ao Senhor: Por que afligis vosso servo? Por que não acho eu favor aos vossos olhos, a vós que me impuseste a carga de todo esse povo? Por ventura fui eu que concebi esse povo? Eu sozinho não poso suportar todo esse povo, ele é pesado demais para mim, rogo-vos que antes me façais morrer". Num 11,10b-15a.

Através destes versículos compreendemos a primeira leitura de hoje. Ou seja, entendemos porque Deus escolhe setenta pessoas e as entrega a Moisés neste grande caminho que ele tem que fazer. Moisés neste instante é um homem desanimado, abatido, desalentado.

E como a situação de Moisés é a situação de tanta gente hoje que caminha, quero dirigir minhas palavras partindo desse sentimento que envolve Moisés, o desânimo. Desânimo, que, segundo o dicionário da língua portuguesa quer dizer falta de ânimo, abatimento, desalento.

O desânimo é um sentimento negativo, causado por algum problema interior ou exterior, que envolve a pessoa, fazendo-a crer que tudo está perdido, que não vale mais a pena lutar, que é melhor se conformar, jogar a toalha, desistir, pois foi Deus quem quis assim.

Mas será que é isso mesmo? Deus quis isso mesmo? Onde é que na Bíblia encontramos Deus querendo que seus filhos desistam da luta, onde é que está na Bíblia em que Deus orienta seus filhos a deixarem de acreditar e sonhar? Não encontramos. Ao contrário, ele diz: "E agora eis o que diz o Senhor, aquele que te criou Jacó, e te formou Israel, nada tema, pois eu te resgato, eu te chamo pelo nome, tu és meu". Is. 43,1.

Pois é meus irmãos, por mais pesado que o fardo pareça, por mais difícil que a situação aconteça, por mais dura que seja a realidade vivida por você neste momento, acredite, Deus quer te resgatar, Deus quer te libertar, Deus quer te chamar pelo nome e te dizer que você pode, que você tem força, que você é uma obra preciosa dele, foi ele que lhe criou, lhe formou, lhe amou, e portanto, não vai lhe deixar derrotado, humilhado abatido nas sarjetas e nos lixões desta vida e deste mundo.

A partir desse momento, a primeira coisa que você vai fazer é pensar nas muitas coisas boas que já aconteceram em sua vida e deixar de ficar desenterrando cadáveres, pessoas mortas, situações negativas da sua vida. Viva o agora, viva o presente, rompa com esse passado que só lhe trás dor, sofrimento, tristeza. Diga bem forte Jesus me ama, Deus me ama, as pessoas me amam.

Imagine-se agora como a sua própria casa, e da mesma forma como a sua casa precisa de limpeza das coisas envelhecidas, ultrapassadas, enferrujadas, estragadas, faça o mesmo com você. Veja agora o que precisa ser limpo, purificado, varrido, faxinado, dentro de você. Aqueles pensamentos negativos, aqueles medos, aquelas inseguranças, aqueles desânimos, aquele abatimento, arranque-os, você não é um armário velho, para conservar tudo o que é velho e estragado.

Deus não lhe fez para dar errado, lhe fez para dar certo em tudo, é bem verdade que o mundo exerce uma força e uma influência sobre você, sobre nós, mas ele venceu o mundo, e você também pode vencer, nós também podemos vencer, basta ter coragem, acreditar, lutar.

Quando morei aqui há cinco anos atrás, a Pastoral da Juventude usava uma blusa que dizia o seguinte: Navegar é preciso. Com certeza aquela frase não estava ali por acaso, quem a propôs deve ter refletido o peso, a consequência e a implicância dessas palavras na vida de uma pessoa e dos próprios jovens. Você é um marinheiro, é facil navegar quando não há ventos e, portanto, não há ondas, é fácil navegar sem aguaceiros e tempestades, é fácil caminhar, conviver e festejar quando os ventos do cotidiano além de brandos sopram ao nosso favor.

Difícil é enfrentar as ondas fortes, difícil é enfrentar os ventos fortes, difícil é superar o desânimo que vem como uma onda  e nos arrasta, e nos entristece, e nos abate, e nos esmorece. Nestas horas é preciso voltar ao que Deus falou através do Profeta Isaías, e que certamente inspirou o poeta nesta canção: "Nada temas estou aqui, nada temas cuido de ti, nada temas estou contigo, sou teu Deus, teu melhor amigo..."














HOMILIA XXV DOMINGO COMUM

 Caríssimos irmãos, essas palavras de Jesus foram ditas em Cafarnaum depois que Ele anunciara pela segunda vez sua Paixão e da dificuldade dos Apóstolos em compreender tais palavras, como bem assinalou Marcos no Evangelho de hoje.
De onde emanava tal dificuldade?
Na verdade havia um entendimento histórico de que o Filho de Deus não morreria e que venceria todos os seus inimigos. É isso que os apóstolos guardam consigo e encontram dificuldade para conceber algo ao contrário. Encontram dificuldade para aceitar que o Filho de Deus pode ser esbofeteado, insultado, derrotado, quanto mais morto.
Eis porque na homilia de domingo passado eu coloquei que Jesus levou um tempo para purificar a fé dos discípulos, uma vez que a noção que eles tinham em relação à sua pessoa e ao seu messianismo estava equivocada, a noção estava errada. Purificação essa que não se deu da noite para o dia,  como podemos registrar na cena desta noite.
Depois de anunciar que os homens o entregariam, o matariam e depois ele ressucitaria, ou seja, depois de dizer claramente que ia realizar um serviço total, entregando a própria vida, lá atrás os discípulos estão discutindo sobre quem será o primeiro no reino temporal de Jerusalém.
Meus irmãos já repeti várias vezes nas minhas homilas da força religiosa atualmente manifesta, mas também da visível fraqueza cristã ora também manifesta. Ou seja, eu tenho dito como as pessoas fazem grandes sacrifícios religiosos, romarias a santuários, dias e noites de preces e orações, mas quando é para compreender o servo sofredor, o servo derrotado, o servo humilhado, seu fervor desaparece.
Ou seja, quando na comunidade o sofredor, o humilhado, o derrotado sou eu, humilhação e derrota que não deveriam me abater nem me desanimar, aí o fervor desaparece.
Parece que nós queremos uma Igreja só de justos e santos, parece que nós queremos uma Igreja só de justos e retos. Esquecemos que no campo vão sempre está juntos o joio e o trigo, o ímpio e o justo, o puro e o impuro.
Os discípulos se abateram, desanimaram, até fugiram. Nós também muitas vezes não suportamos as contradições e contrariedades no seio da comunidade,  não suportamos os espinhos lançados por irmãos próximos de nós, e  aí igualmente desanimamos, nos abatemos, fugimos.
Não é fácil ser o último, o menor na comunidade,  a comunidade é uma espécie de forno onde está o fogo que prova o ouro frágil que somos. É o forno que prova a nossa capacidade de servir e amar, servir e amar principalmente os que nos apunhalam, os que tramam contra nós, como tramaram e apulhalaram Jesus.

domingo, 16 de setembro de 2012

HOMILIA XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

 CESAREIA DE FELIPE
"Quem dizem os homens que eu sou?" Mc 8,27
Caríssimos irmãos, muitas vezes as homilias que fazemos têm servido para criticas ao comportamento dos fariseus no que diz respeito ao seu modo de expressar sua fé, viver sua religião e a dificuldade desse grupo em aceitar Jesus, bem com suas propostas em relação à chegada do reino de Deus.
Sobre isso se impõe alguns fatores: "O povo de Israel se fechou às propostas de Jesus, Jesus por sua vez abandonou Israel. Para Ele e para os que vivem no mundo, resta apenas o caminho da Cruz". Comentário do Missal dominical. E esse caminho começa a se fazer quando nos debruçamos por sobre a pergunta: Quem dizem os homens que eu sou?
Responder a essa pergunta, só será possivel depois de uma indagação ao noso espírito, depois de nos sentirmos intrigados interiormente e depois de nos sentirmos desafiados a romper com os nossos vícios, comodismos e paixões.
A revolução causada por esse conjunto de fatores, possibilitará nos perguntar sobre qual o lugar que Cristo ocupa dentro de mim, qual o lugar que Cristo ocupa na minha vida e qual o lugar que ele ocupa no meu existir.
Acontece que nem sempre é fácil responder à pergunta acima, exatamente, porque somos pouco diferentes dos fariseus. Poucos diferentes, porque queremos respondê-la conforme a nossa lógica, nossa mentalidade as vezes mesquinha, nossos interesses  e intenções nem sempre retos.
E da mesma forma como Jesus levou tempo para purificar a fé e a compreenção dos apóstolos a seu respeito, uma vez que também tinham fé e compreenção equivocadas, essa mesma luta Ele continua a ter conosco.
É muito fácil se aceitar o Cristo que causa emoção, o Cristo que faz a gente chorar, aquele que faz milagres e curas. Difícil é aceitar o Cristo da Cruz, o derrotado, o humilhado, aquele que não transmitie força e poder nenhum.
Agora se compreende porque os apóstolos são avisados de não contarem nada, de não falarem nada acerca dele, porque eles também precisam rever, repensar a noção, o pensamento, a idéia que têm acerca de Jesus.
Entendendo que um Cristo doce e morno não liberta e não salva ninguém, e entendendo que o Cristo que salva e liberta é o que não hesita em se misturar com os pobres e pecadores desta terra, Aquele que disse: Vim trazer fogo sobre a terra, o fogo libertador da sua paixão. Busquemos testemunhar este Cristo, aproveitemos deste fogo para queimar todos os males: social, físico, psíquico, espiritual, que colocam em perigo a vida dos nossos irmãos; e dessa forma sinalisarmos, que mudamos a noção acerca da pessoa de Jesus e seu messianismo.