"E não mais haverá dilúvio para devastar a terra". "E Deus disse: 'Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, ponho meu arco nas nuvens como sinal de aliança entre mim e a terra". Gn, 9, 11b-13.
A narrativa do dilúvio, é semelhante às histórias que eram contadas na antiguidade sobre grandes catástrofes, catástrofes naturais semelhantes as que continuam se dando hoje, como os Tsunames Asiáticos, que provocam grandes enchentes, submergindo cidades inteiras e matando muita gente. A diferença é que estas catástrofes nos primórdios da humanidade, dada à carência de estudos e informações, eram recheadas de fantasias, onde os deuses zangados por alguma atitude dos homens, agiam dessa maneira. Sem falar que, esses acontecimentos eram vistos como algo mundial.
Sobre o dilúvio não é diferente. A Bíblia narra que "a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração, estavam voltados para o mal. O Senhor arrependeu-se de ter criado o homem na terra e teve o coração ferido de íntima dor. E disse: Exterminarei da superfície da terra o homem que criei, e com ele, os animais, os répteis e as aves do céu, porque eu me arrependo de tê-los criado. Noé, no entanto, encontrou graça diante do Senhor". Gn. 7,5-8.
Meus irmãos, fazendo uma leitura desatenta e apressada da Bíblia, poderemos achar que de fato Deus está zangado com o homem e pronto para castigá-lo pelos pecados cometidos. Vejam, se isso fosse verdade, como explicar o carinho e a afeição dispensada ao Filho Pródigo, depois de ter quebrado os laços familiares, e matado o Pai, ao pedir a herança, estando este ainda vivo? E a busca pela ovelha perdida, humilhada pelos próprios erros, comprometendo o amor de 99, que já estavam no aprisco, "humildes, obedientes e santas"? E o que dizer da declaração do texto passado, quando Deus reconhece as maldades de Israel, mas declara: "Sou eu, eu mesmo que cancelo tuas culpas e já não me lembrarei de teus pecados". Is. 43,25.
O modo de narrar é bastante forte, mas é prórpio da literatura do Antigo Testamento, este, que como sabemos está para ser suplantado pela leveza e pela pureza do Novo. Deus não existe para castigar o homem, existe para amá-lo e perdoá-lo. Agora como Deus o encontra pecador, perdido nas erosões do pecado, vivendo nas lamas dos campos da vida, as provações porque passa, serve para purificá-lo, convertê-lo e santificá-lo, se ele assim entender a mensagem do seu Criador.
Quanto ao Evangelho, temos a narração de Marcos curtíssima sobre a ida de Jesus ao deserto após o batismo, e a tentação sem nenhum detalhe, como o fazem Lucas e Mateus.
"O Espírito levou Jesus ao deserto, e ele ficou durante quarenta dias e aí foi tentado por satanás".
O Espírito é o Espírito Santo, que da mesma forma como esteve presente no batismo de Jesus, está também no nosso. E da mesma forma como simbolicamente levou Jesus ao simbólico deserto da judéia, o mesmo leva-nos aos nossos desertos, aos desertos da nossa existência e da nossa vida. E nesses desertos seremos tentados, seremos provados, seremos provocados por muitos animais, por muitos leões e muitas feras, porque os nossos não são mansos, e nos tentam não só por quarenta dias, mas por toda a nossa vida. Até porque 40 dias quer dizer toda a nossa vida. Por que isto acontece? Por que provoca Deus tal situação? Ele não provoca, ela está dentro de nós. As serpentes, os leões, as feras estão dentro de nós. Elas nos dominam, nos sacodem, nos devoram. Cabe a nós, fazer a leitura de tudo isso e transformar essas feras em cordeiros. Dá para fazer essa transformação sozinhos? Impossível. Então, busquemos o Espírito Santo, deixemos que ele nos ajude a completar em nós o tempo. O tempo do amor, o tempo do perdão, o tempo da conversão.
Não deixarei de dizer, você está aqui para ser santo. Então, o tempo da santidade. E ser santo hoje é se deixar conduzir pelo deserto. E como tem areia, e como tem calor, e como tem sede. Ou seja, como tem tentações para que desistamos desse caminho de santidade. Me livrar das tentações? Me livrar dos desertos? Me livrar dos meus leões? Não. Eles estão dentro de mim, moram comigo. Mas entendê-los, superá-los, corrigí-los e vencê-los como o fez Jesus. E quando tudo isso acontecer, encontraremos o oásis que buscávamos, oásis que só encontra, aqueles não desistiram de lutar e caminhar. E, agora, podem eles e seus "animais" descansarem em paz.
Não deixarei de dizer, você está aqui para ser santo. Então, o tempo da santidade. E ser santo hoje é se deixar conduzir pelo deserto. E como tem areia, e como tem calor, e como tem sede. Ou seja, como tem tentações para que desistamos desse caminho de santidade. Me livrar das tentações? Me livrar dos desertos? Me livrar dos meus leões? Não. Eles estão dentro de mim, moram comigo. Mas entendê-los, superá-los, corrigí-los e vencê-los como o fez Jesus. E quando tudo isso acontecer, encontraremos o oásis que buscávamos, oásis que só encontra, aqueles não desistiram de lutar e caminhar. E, agora, podem eles e seus "animais" descansarem em paz.