Meus queridos irmãos nesta noite a liturgia celebra a festa do Batismo do Senhor. Com esta celebração estamos encerrando as festas natalinas e entrando num período curto do Tempo Comum, por causa dos períodos, quaresmal e pascal, que estão chegando, para depois o retomarmos de novo, até se encerrar com o Primeiro Domingo do Advento, quando iniciaremos o novo ano litúrgico.
Estamos escutando um dos poemas do Servo Sofredor de Isaías, são quatro, todos fantásticos, esse, o primeiro, e nesse, ele relata a maneira, o jeito de agir desse servo. Ele não grita, nós não só gritamos, mas também, esbravejamos, xingamos, ofendemos. Ele nunca levanta a voz, nós berramos, bradamos, às vezes somos por demais violentos e furiosos.
Por que agimos assim? Por que, depois de repetidas eucaristias, centenas de celebrações, incontáveis Ave Marias, ter comungado inumeráveis vezes, a gente ainda não segura o ímpeto, e aquele, aquela que poderia ser o mais manso cordeiro, a mais mansa ovelha, pois esteve na casa do Senhor, sentou-se à mesa, participou do ágape do Cordeiro maior, cantou com Ele, os hinos de paz e de amor, nesses momentos, torna-se uma fera, um ser desconhecido? A sua resposta reflexiva e pessoal conclui esse parágrafo.
Ele não quebrará o caniço rachado. Escutando essa proposição, eu fico imaginando quantas pessoas vão e vêm todos os dias, umas conversam conosco, outras não, mas, todas carregando consigo algum tipo de fenda, algum tipo de falha, algum tipo de rachadura.
Não são poucas as pessoas machucadas, feridas, quebradas. Machucadas e feridas, não por causa de maldades suas, porque más não são, mas por causa de fraqueza, limitação e bobagens suas. Ou seja, o Amor, o Espírito Santo, a Eucaristia, o Evangelho, tiveram menos força dentro delas, que suas vantagens, seus desejos e paixões. Estão prestes a se extinguir, estão prestes a se apagar, salvos se não buscarem melhorar sua chama, renovar seus pavios, no fogo abrasador de Jesus.
Para nós que estamos à frente da comunidade, bispos, padres, coordenadores de comunidades, ministros da Sagrada Comunhão, catequistas, precisamos nos apropriar desse mesmo método, desse mesmo jeito de agir do servo para com as pessoas, precisamos ser misericordiosos, afinal de contas, nós também temos fendas, rachaduras e pavio nem sempre com chama forte, pavio quase apagando, iguaizinhos aos que vêm ao nosso encontro todo dia.
"E estando ele a orar, o céu se abriu. E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem amado; em Ti ponho a minha afeição" Lc. 3, 21a - 22.
O Filho de Deus era esperado, e entre tantos líderes que ali apareciam, havia dúvidas na cabeça do povo acerca do verdadeiro Messias, sobre quando viria, quem seria e de que lado ficaria. O próprio João Batista numa outra oportunidade mandou perguntar se era ele mesmo, ou se tinha que esperar por outro. Em Marcos os milagres, ou seja, as ações concretas de Jesus vão atestando quem ele é. E no mesmo Marcos, como agora em Lucas, vimos, ouvimos e não temos mais dúvidas, Jesus é o Filho muito amado do Pai.
O céu se abriu, uma referência clara de que a distância até então existente entre nós e os céus, e entre nós e Deus foi rompida, não existe mais. A pomba é um sinal da presença corpórea de Deus no nosso meio, ou seja, como já aconteceu nesses dias por ocasião do seu nascimento, novamente Deus repete o gesto de vim ficar, habitar, morar no meio de nós. Ignorando, portanto nossa fragilidade humana e nos tornando filhos adotivos divinos seus. Aliás, é isto que o batismo realiza e confere. Ao sermos batizados Deus fala para nós o que disse hoje para Jesus: Você é meu filho muito amado e muito querido, no qual eu deposito toda a minha confiança, toda a minha afeição e todo o meu amor.
O Espírito Santo desceu. Foi o mesmo Espírito que desceu sobre os profetas, que desceu sobre os apóstolos no cenáculo e que os ungiu para a nova caminhada após a ressurreição. É o mesmo Espírito que desce hoje sobre mim, sobre você, sobre sua comunidade e sua casa para lhe ungir, para lhe curar, para lhe santificar e para lhe fazer apóstolo, profeta e rei. Não para mandar, dominar e punir, mas para amar, perdoar e servir.
O Espírito Santo desceu. Foi o mesmo Espírito que desceu sobre os profetas, que desceu sobre os apóstolos no cenáculo e que os ungiu para a nova caminhada após a ressurreição. É o mesmo Espírito que desce hoje sobre mim, sobre você, sobre sua comunidade e sua casa para lhe ungir, para lhe curar, para lhe santificar e para lhe fazer apóstolo, profeta e rei. Não para mandar, dominar e punir, mas para amar, perdoar e servir.