"Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens". Mt. 4,19
Não dá pra falar de Pedro sem lembrar aquele dia em que Jesus o chamou juntamente com o seu irmão André à beira do lago de Genesaré. Momento em que eles "abandonaram a barca e seu pai e o seguiram". Mt. 4,22.
Os três anos de experiência com Jesus serviriam para revelar como Pedro precisaria sair das alturas em que se encontrava, para descer, para tocar os pés no chão da realidade, realidade esta, que serviria como prenúncio do que também haveria de lhe ocorrer tempos depois em Roma.
É mais ou menos assim que acontece com quase todo mundo. Ao ouvirmos o chamado, seguimos, só que muitas vezes, um seguimento alicerçado na emoção, na euforia. Mas, aí, é preciso dar passos mais profundos, deixar para trás vícios, melindres, fantasias, pensamentos, verdades, razões, projetos pessoais, porque estamos nos lançando num projeto que não é nosso, mas de Jesus Cristo. Neste caso, se o que nos sustenta for a euforia e a emoção, nosso seguimento está fadado a desmoronar e a ruir, porque euforia e emoção não servem como base nem alicerce para vocação.
Assim, os três anos foram marcados por sins e por nãos, por acertos e contradições, e entre erros e acertos, e entre elogios e decepções, chegou-se ao grande dia, ou à grande noite, a noite da condenação. E ali, bem ali, no pretório de Pilatos, quando três vezes interrogado se havia entre ele e Jesus qualquer relação, Pedro disse não. Eu nem conheço tal homem. Mt. 26,72b
"Depois disso, tornou Jesus manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Tendo eles comido, perguntou-lhe pela terceira vez: Simão filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me? Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo. Apascenta as minhas ovelhas" Jo. 21,1.15a.17
Já se foram três anos, viagens, pregações, ensinamentos, reuniões, confrontos, milagres, elogios, traições. Agora lá estão novamente, na mesma praia, no mesmo lago, no mesmo barco. E quando soa pela terceira vez a pergunta: Simão filho de João, amas-me? Pedro não resiste, entristece, mas mesmo triste, sua resposta é uma música que não muda a nota, muda o tom. Pois aquele Pedro eufórico e emotivo tinha ficado para trás. O som que agora sai de sua boca, é de alguém prudente, amadurecido, experiente nas idas e vindas, no solo quente da Galileia.
Pedro precisou de três anos, precisou voltar ao começo, precisou voltar às águas azuis esverdeadas do Mar da Galileia, para renovar seu chamado e seu sim, que mediante dúvidas e incertezas, os havia abandonado e largado na noite mais ingrata de sua vida. E você, tem voltado ao mar? Tem voltado à praia? Quantos anos você precisa?
Morto de cabeça para baixo em Roma, é um sinal de que nada disso mais importa. É que aquele Pedro imaturo e fraco da Galileia, agora é um homem maduro e forte, tão maduro e tão forte, que não hesita em entregar seu corpo à morte, como oferenda agradável a Deus.
Celebrado em 29 de junho, ele é o pescador e apóstolo da Galileia, que tornou-se pescador e apóstolo de Cristo, Que o fez pescador e apóstolo dos homens e do mundo.
Por Padre Isaque Marques
Celebrado em 29 de junho, ele é o pescador e apóstolo da Galileia, que tornou-se pescador e apóstolo de Cristo, Que o fez pescador e apóstolo dos homens e do mundo.
Por Padre Isaque Marques