Caríssimos irmãos, hoje a
Igreja celebra o Domingo de Pentecostes. Uma festa cheia de imagens e
simbolismo, que lida ao pé da letra, pode nos fazer incorrer em erros e equívocos.
A
Igreja utilizando aspectos metodológicos separou Morte, Ressurreição,
Pentecostes e Ascensão. Mas segundo os biblistas, tudo ocorreu simultaneamente.
Ou seja, Jesus enviou seu espírito, não 50 dias depois, mas logo ali na tarde
do primeiro dia. 50 dias após refere-se à explosão, à expansão da igreja, quando os apóstolos saem pregando o Evangelho pelo mundo, conforme refere-se o mandado de Jesus.
“Pentecostes era uma festa judaica muito
antiga, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Celebrava a chegada do povo de
Israel no Monte Sinai. Monte este onde Moisés recebeu de Deus as Tábuas da
Lei”. Fernando Armellini.
Hoje,
Pentecostes não é mais a festa da Lei, ou pelo menos de um conjunto de normas
como se constituía a lei de Israel. Mas Pentecostes agora é a descida do
Espírito Santo sobre os apóstolos, revelando, que a lei antiga baseada em
regras e normas deu lugar ao amor e à misericórdia.
Mas agora, hoje, o que significa essa nova lei, esse novo
Pentecostes? O Pentecostes nos dias de hoje, que mais se afina com o
Pentecostes do Pai, que mais se alinha ao Espírito Santo, é um uma mente
e um coração convertidos.
Um coração convertido, não é outra coisa, se não, um
coração novo, curado, transformado. Cura essa, transformação essa, expressa,
sentida nos gestos de solidariedade, de justiça e de paz. Portanto, um coração humano, fraterno, solidário, compassivo e sensível à dor do irmão.
Aliás, não tem sentido celebrar Pentecostes, mas conservar
dentro de si pensamentos, mágoas e ressentimentos, e assim reproduzir velhas práticas, velhos costumes de orgulho, vaidade,
rancor, indiferença, egoísmo, individualismo, distanciando-se do verdadeiro sentido do que é Pentecostes.
Se Pentecostes é fogo que pousa por sobre as pessoas, e
as transforma, e as fecunda, e as renova. Não tem sentido celebrar pentecostes,
mas não renovar a forma de pensar, de agir em relação ao irmão, à irmã.
Celebrar Pentecostes, mas seguir como antes, fechado, sisudo, azedo e amargo, significa
que não deixamos esse fogo nos penetrar, nos queimar, nos moldar, e nos
transformar em instrumentos úteis à ceara do Senhor.
Muitas vezes celebramos esta festa e ficamos muito no
emocional e no exterior, entendendo o Espírito Santo como algo que nos faz chorar, sem contudo penetrar no chão da realidade dura em que vivemos, e tantas pessoas ao nosso redor.
O mundo vive momentos difíceis, muita pobreza,
preconceito, racismo, discriminação de toda forma, idosos sendo chutados, doentes abandonados. Ou seja, vivemos num
ambiente desumano, em que o Espírito Santo parece cada vez mais distante.
Oxalá, o Pentecostes que celebramos hoje, não seja uma
festa de hinos e cânticos espirituais, mas distantes e sem
tocar a vida difícil que toca tantos irmãos e irmãs. Mas uma festa que queime
todo e qualquer tipo de opressão e injustiça que fere tantos homens e mulheres,
que ainda não tiveram a oportunidade de festejar um Pentecoste de dignidade e
vida plena.