domingo, 8 de junho de 2014

DOMINGO DE PENTECOSTES



Caríssimos irmãos, hoje a Igreja celebra o Domingo de Pentecostes. Uma festa cheia de imagens e simbolismo, que lida ao pé da letra, pode nos fazer incorrer em erros e equívocos.

A Igreja utilizando  aspectos metodológicos separou Morte, Ressurreição, Pentecostes e Ascensão. Mas segundo os biblistas, tudo ocorreu simultaneamente. Ou seja, Jesus enviou seu espírito, não 50 dias depois, mas logo ali na tarde do primeiro dia. 50 dias após refere-se à explosão, à expansão da igreja, quando os apóstolos saem pregando o Evangelho pelo mundo, conforme refere-se o mandado de Jesus.

“Pentecostes era uma festa judaica muito antiga, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Celebrava a chegada do povo de Israel no Monte Sinai. Monte este onde Moisés recebeu de Deus as Tábuas da Lei”. Fernando Armellini.

Hoje, Pentecostes não é mais a festa da Lei, ou pelo menos de um conjunto de normas como se constituía a lei de Israel. Mas Pentecostes agora é a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, revelando, que a lei antiga baseada em regras e normas deu lugar ao amor e à misericórdia.

            Mas agora, hoje, o que significa essa nova lei, esse novo Pentecostes? O Pentecostes nos dias de hoje, que mais se afina com o Pentecostes do Pai, que mais se alinha ao Espírito Santo, é um uma mente e um coração convertidos. 

            Um coração convertido, não é outra coisa, se não, um coração novo, curado, transformado. Cura essa, transformação essa, expressa, sentida nos gestos de solidariedade, de justiça e de paz. Portanto, um coração humano, fraterno, solidário, compassivo e sensível à dor do irmão.

            Aliás, não tem sentido celebrar Pentecostes, mas conservar dentro de si pensamentos, mágoas e ressentimentos, e assim reproduzir velhas práticas, velhos costumes de orgulho, vaidade, rancor, indiferença, egoísmo, individualismo, distanciando-se do verdadeiro sentido do que é Pentecostes.
            Se Pentecostes é fogo que pousa por sobre as pessoas, e as transforma, e as fecunda, e as renova. Não tem sentido celebrar pentecostes, mas não renovar a forma de pensar, de agir em relação ao irmão, à irmã.

            Celebrar Pentecostes, mas seguir como antes, fechado, sisudo, azedo e amargo, significa que não deixamos esse fogo nos penetrar, nos queimar, nos moldar, e nos transformar em instrumentos úteis à ceara do Senhor.

            Muitas vezes celebramos esta festa e ficamos muito no emocional e no exterior, entendendo o Espírito Santo como algo que nos faz chorar, sem contudo penetrar no chão da realidade dura em que vivemos, e tantas pessoas ao nosso redor.

            O mundo vive momentos difíceis, muita pobreza, preconceito, racismo, discriminação de toda forma, idosos sendo chutados, doentes abandonados. Ou seja, vivemos num ambiente desumano, em que o Espírito Santo parece cada vez mais distante.

            Oxalá, o Pentecostes que celebramos hoje, não seja uma festa de hinos e cânticos espirituais, mas distantes e sem tocar a vida difícil que toca tantos irmãos e irmãs. Mas uma festa que queime todo e qualquer tipo de opressão e injustiça que fere tantos homens e mulheres, que ainda não tiveram a oportunidade de festejar um Pentecoste de dignidade e vida plena.

 

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